Estado propõe volta às aulas e divide opiniões

Educação no RS

Estado propõe volta às aulas e divide opiniões

Proposta foi apresentada ontem em videoconferência com representantes das 27 regiões do RS. Estratégia do governo Leite é que Educação Infantil seja a primeira a voltar, no dia 31. Para Famurs, ideia do Piratini é precipitada. União dos Secretários Municipais de Educação realça dificuldade das crianças em seguir o protocolo e sugere alterações

Estado propõe volta às aulas e divide opiniões
(Foto: Arquivo A Hora)

Um retorno gradual das aulas presenciais a partir do dia 31 deste mês, com todas as redes de ensino contempladas até 8 de outubro. Esse foi o ponto central da proposta do governo do Estado apresentada aos prefeitos de 27 regiões gaúchas.

O encontro foi por meio de videoconferência na manhã de ontem. O formato elaborado pelo Piratini é diferente daquele escolhido na consulta às instituições. Pelo apontamento de quase 90% dos votos, os primeiros a voltar seriam os alunos do Ensino Médio e dos cursos técnicos. Depois dos anos finais do Fundamental. Na sequência do 1º ao 5º ano. Na quarta etapa universidade para só depois a Educação Infantil.

Nesta nova proposta, pouco desses apontamentos constaram no documento apresentado aos prefeitos. Conforme o governo, a partir dos modelos e as prioridades de volta, é necessário definir qual o melhor sistema para o Estado autorizar a volta das aulas presenciais.

Além dos prefeitos, estavam na conferência os secretários de Educação, Faisal Karan, da Justiça e Cidadania, Mauro Hauschild e de Apoio aos Municípios, Agostinho Meirelles. Também participam o presidente da Federação das Associações dos Municípios do RS (Famurs), Emanuel Hassen de Jesus, e o governador Eduardo Leite.

“Plano vago e precipitado”

Para o presidente da Famurs e prefeito de Taquari, Emanuel Hassen de Jesus, autorizar primeiro a Educação Infantil contraria a lógica do Distanciamento Controlado. Na opinião dele, é preciso começar com alunos de outros estágios, do Ensino Superior e do Médio. “Eles têm mais facilidade em cumprir as medidas de segurança”, frisa.

Para ele, o plano é “vago e precipitado”. “Voltar daqui a 20 dias sem qualquer segurança e garantia. Os números de contágio no Estado não dão indicativo de que vão reduzir neste tempo. Não parece ser adequado no momento, em especial à Educação Infantil.”

Para o prefeito de Taquari e presidente da Famurs também há de se verificar questões práticas para essa autorização, tais como o funcionamento do transporte escolar, a preparação das equipes das escolas e até a contratação de mais servidores pelos municípios.

“A lei eleitoral proíbe os prefeitos de contratarem a partir dessa quinta-feira (hoje).”
Apesar da contrariedade do presidente quanto à proposição, a Famurs inicia uma pesquisa com os 497 prefeitos gaúchos para conhecer a opinião deles frente a essa sugestão do Piratini.

“É uma proposta. Importante agora é manter o diálogo”

O presidente da Associação dos Municípios do Vale do Taquari (Amvat), Celso Kaplan, realça que é preciso debater entre os representantes das cidades. “É uma proposta. Importante agora é manter o diálogo”. Para ele, é preciso analisar as variáveis quanto à volta, em especial do nível de cada aluno. “Muitos ainda defendem o retorno pelos mais velhos.”

Uma assembleia com os prefeitos da Amvat está agendada para amanhã. De acordo com ele, o encontro busca estabelecer critérios para autorização das aulas presenciais. “Devemos respeitar todas as opiniões. Ainda assim, é importante que as atividades escolares retornem, mas com segurança. Isso é primordial.”

“Não sabemos o impacto dessa volta”

O presidente da União dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Marcelo Mallmann, realça que a partir da postura do Estado, agora é necessário ajudar a construir o cenário ideal para a volta das aulas presenciais.

Ainda assim, afirma que “causou estranheza” começar pela Educação Infantil. “A própria pesquisa feita no mês passado apontava para outro cenário, com as creches por último.” Justo para esse público, por meio de nota, a Undime recomenda que crianças até três anos só retornem quando houver uma vacina.

Desse modo, reforça o coro daqueles que defendem primeiro o retorno das séries mais avançadas. “Não sabemos o impacto da volta. Precisamos ver na prática como o vírus vai se comportar.”

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