Defesa Civil de Estrela contesta medição da cheia histórica

ENCHENTE do Taquari

Defesa Civil de Estrela contesta medição da cheia histórica

Medição oficial feita por satélite apontou pico de 27,39m. No entanto, técnicos locais afirmam que régua física marcou 27,65m

Defesa Civil de Estrela contesta medição da cheia histórica
Agentes da Defesa Civil acreditam que nível do Rio Taquari teria chegado a 27,65 metros, na madrugada de 9 de julho. Foto: Matheus Chaparini
Estrela

A cheia que alagou diversos municípios do Vale em julho pode ter sido ainda maior do que aponta a medição oficial. De acordo com a Defesa Civil de Estrela, o pico da cheia foi de 27,65 metros. Esta medição foi obtida na régua do Porto de Estrela, no dia seguinte à enchente.

“À 1h, a régua parou e o rio continuava subindo. A gente já não tinha mais acesso do portão para dentro. Quando baixou a água, viemos fazer a verificação e foi constatado que chegou a 27,65”, afirma o agente da Defesa Civil Lindomar de Freitas.

Os agentes tomam por base as marcas da água em alguns locais do porto que costumam ser utilizados como referência, como a cabine ao lado da régua, um galpão próximo e o pórtico de entrada.

Terceira ou quarta maior?

Pela medição oficial, a enchente de julho foi a quarta maior já verificada na história da região. A medição oficial, feita pelo Serviço Geológico do Brasil por meio de satélite foi de 27,39 à 1h e às 2h do dia 9 de julho.

Durante a madrugada, o sistema apresentou falhas e chegou a apontar um nível acima dos 28 metros, o que foi corrigido em seguida.

O dado não é oficial e ainda carece de validação. Se for confirmada esta medição, o pico da enchente terá sido 26 centímetros maior do que o dado oficial. Neste caso, a cheia de julho passaria à terceira maior da história, ultrapassando a de 1946, quando o nível chegou a 27,40 metros.

Régua foi usada por mais de 30 anos

A régua do Porto é a mesma utilizada como medida oficial de 1977 até 2013, quando a medição passou a ser feita pelo CPRM, empresa pública que tem as atribuições de Serviço Geológico.

Na área do porto, há ainda pelo menos outras duas réguas, uma junto ao rio e outra, fora da água, que mede até 23 metros.

Com mais de vinte anos de experiência na Defesa Civil, o técnico Cleto Werle conta que, antigamente, a medição era feita na mesma régua. No entanto, a informação era coletada durante a cheia.

“Nas grandes, por causa da correnteza, eles vinham com a patrola carregadeira, porque ela passa com água alta. De hora em hora, eles faziam a medição. Mas nunca chegou a um nível tão alto”, recorda.

Medição carece de validação topográfica

Para a engenheira ambiental Sofia Moraes, a medição pode estar correta, mas ainda carece de uma validação topográfica. “Teria que ter essa validação para podermos ter 100% de certeza”, diz.

Sofia fez seu Trabalho de Conclusão de Curso sobre as áreas e edificações atingidas pelas inundações do Rio Taquari. Boa parte dos dados utilizados em sua pesquisa são de medições do porto.

“Desde que foi fundado o porto, em 1977, havia o monitoramento desta régua. Ela tinha leitura feita de seis em seis horas. Essa leitura foi descontinuada ali por 2017, quando o porto parou de operar”, afirma.

Além da referência histórica, o pico é uma informação importante para parametrizar o tempo de retorno. Nas próximas semanas, Sofia vai fazer a verificação topográfica desta e outras marcas da enchente.

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