Alunos das redes pública e privada estão há quase cinco meses sem aulas presenciais no Rio Grande do Sul. O retorno foi assinalado hoje para o dia 31 de agosto. Nas redes sociais, as opiniões se contrapõem, e um consenso sobre a retomada do ensino parece distante.
O debate também diverge entre as entidades que representam escolas e educadores e até entre autoridades. Entre as opiniões favoráveis, está o cansaço de alunos e professores em permanecer em casa e também as flexibilizações recentes do governo gaúcho. Já para os contrários, o aumento no número de casos e óbitos por covid-19 preocupa.
Presidente do Sindicato do Ensino Privado do Rio Grande do Sul (Sinepe-RS), Bruno Eizerik defende a retomada para as regiões que foram classificadas com risco médio de contaminação. “Temos o sistema exatamente para isso. Jamais vamos defender a volta às aulas onde a bandeira está vermelha. Estando laranja, qual o motivo para não voltar?”, questiona.
Eizerik lembra que os protocolos da rede privada estão prontos desde junho e que a maior parte das instituições privadas fizeram seus próprios planos de contingência. “Tem toda uma questão que envolve o distanciamento e regras rígidas de higiene. Enquanto isso, continuamos atendendo os alunos de forma remota, mas defendemos o retorno presencial”, afirma.
Para o presidente do Sinepe, a retomada deve ser gradual, com as escolas definindo quem volta primeiro. “Enquanto sindicato, defendemos que as escolas tenham autonomia para elas mesmas decidirem, se volta primeiro o ensino médio ou a educação infantil”.
Cautela
Por outro lado, o Sindicato dos Professores do Ensino Privado (Sinpro) vê com cautela um retorno imediato das aulas presenciais, sobretudo pelo fato do estado enfrentar um momento crítico da pandemia desde julho.
“Enxergamos isso com muita preocupação, porque está havendo uma flexibilização do governo estadual em relação aos municípios, dando mais autonomia a eles. Há lugares no mundo onde houve retorno das aulas e os casos de covid-19 aumentaram muito entre os alunos”, comenta o diretor da regional do Sinpro, Douglas Barbosa Schlabitz.
Para ele, deve-se esperar uma queda no número de casos diários e de óbitos por covid para se pensar em uma retomada. “A partir do momento em que percebermos uma redução, pode ser possível retornar os poucos, gradativamente. Também sou professor e todos querem voltar logo, mas é uma situação de saúde pública. Tem que se analisar bem”, explica.
Assegurar a saúde de todos
Em nível de município, também há incertezas sobre o retorno. Para Marlise Anderle da Silva, que responde pelo Sindicato dos Professores Municipais de Lajeado, é necessário observar o processo e acompanhar as medidas que vem sendo tomadas pela administração.
“É um momento de muita solidariedade e compreensão. Se as aulas tiverem que voltar, que seja um posicionamento bem seguro dos governos para assegurar a saúde de todos”, opina.