Após mais de um ano em tramitação no Legislativo, o novo Plano Diretor agora aguarda sanção do prefeito Marcelo Caumo. O texto substituirá a lei anterior, que era de 2006. Nos 14 anos que separam a apreciação das duas matérias, muita coisa mudou. Lajeado teve um crescimento acelerado e, por vezes, desordenado.
Embora seja de extrema relevância para projetar o crescimento da cidade, o Plano Diretor é um projeto denso, complexo e recheado de termos técnicos. Até por isso, poucas pessoas possuem um entendimento geral sobre o que ele impactará na vida da comunidade.
A novela envolvendo o novo Plano Diretor durou mais de três anos. Iniciou com a contratação de um arquiteto para revisão e elaboração, ainda em março de 2017, passando pela realização de reuniões nos bairros e de audiências públicas, a entrega à câmara de vereadores – onde teve longa tramitação – até chegar a agosto deste ano, com a votação e aprovação em plenário.
“Grandes benefícios”
Arquiteto, Giancarlo Bervian assumiu a secretaria de Planejamento e Urbanismo em abril. Herdou de seu antecessor, Rafael Zanatta, um projeto pronto e completo. Mas nem por isso deixou de estudá-lo, de analisar cada detalhe do texto.
Para Bervian, o novo Plano Diretor trará grandes benefícios à comunidade. Primeiro, pelo fato de ser um documento novo, 14 anos após a atualização mais recente. Neste período, a cidade passou por grandes transformações.
“Uma das coisas que se pretende é facilitar a vida de pessoas que moram em bairros mais distantes. Elas acabam vindo ao Centro por uma razão ou outra. Seja por hospital, supermercado, comércio, coisas que se concentram no Centro e que os zoneamentos anteriores não permitiam que construísse isso em outros bairros. Agora, teremos uma distribuição mais equilibrada”, explica.
Divisão por zonas
Uma das grandes mudanças com o novo Plano Diretor é a divisão da cidade em zoneamentos. Inicialmente, seriam 11 zonas espalhadas entre os bairros. Porém, o governo alterou o projeto ao longo do processo, reduzindo para sete.
“Para fazer uma construção, tem que entender a cidade, as características de cada local e o que ela tem de suporte. Sem esse regramento, se evita prejuízos futuros. Antes, era complicado de entender cada zoneamento. A partir do mapa, se consegue identificar o zoneamento, o que aquilo te permite, se é área residencial, comercial, se pode ter posto de saúde”, salienta Bervian.
Conforme a tabela de índices, para três zonas (1, 2 ,3) não haverá limite de altura para edificações. Isso ocorre em áreas do Centro e bairros como Florestal, São Cristóvão, Moinhos e Universitário. Já nas zonas 4 e 5 – e na Zona de Controle Especial (ZCE) – o limite máximo será de nove metros. Elas ficam em áreas mais distantes dos bairros Conventos, São Bento e Imigrante.
Cidade mista
Vice-presidente da Sociedade dos Engenheiros e Arquitetos do Vale do Taquari (Seavat), Marta Peixoto avalia que a intenção do Plano Diretor é tornar a cidade mista, criando novos centros para facilitar a convivência. A entidade participou da construção do documento e das discussões promovidas pela câmara de vereadores.
“Houve uma simplificação das tabelas e mapas. A verticalização já vem ocorrendo e passa a ser um fator consolidado, mas agora é necessário ter áreas maiores para poder subir construções”, sintetiza.
Marta elogia o plano vigente, que também contou com a participação de profissionais da Seavat. “Durante os anos e com o crescimento da cidade ele foi modificado, o que lhe rendeu o termo de colcha de retalhos. Mas foi o norteador do nosso crescimento ordenado como cidade”, ressalta.
“O crescimento é certo.
Tem que ter estrutura”
Presidente do Centro de Apoio às Associações de Bairros (antiga Uambla), Martires Valandro elogiou a construção do Plano Diretor, que vai regrar o progresso da principal cidade da região.
“Somos uma cidade polo. O crescimento é certo. Mas tem que ter estrutura. Acredito que o plano foi muito bem estudado. Da maneira como estava, muitas pessoas que queriam empreender na cidade não conseguiam”, opina.