O esporte é apaixonante por vários motivos, o principal são pelas histórias contadas e proporcionadas pelos atletas, sejam eles profissionais ou amadores. A história contada hoje é um exemplo disso. Alexandre Bindé teve que superar várias negativas até conseguir realizar o sonho de ser jogador de futebol.
Natural de Três Passos, no norte do Rio Grande do Sul, Bindé participou de diversas peneiras pelo Rio Grande do Sul e Santa Catarina e em todos os lugares recebeu a mesma resposta: “Não!” O sonho de ser atleta profissional ainda teve outro desafio para superar. Ainda na adolescência se tornou pai. Apesar de todas essas dificuldades nunca desistiu e conseguiu realizar o sonho em 2003.
Na ocasião, Beto Campos (in memorium) iniciou um projeto em Santa Rosa e chamou o atleta para fazer um teste. Depois de um período de treinos foi aprovado. “Tive um começo tarde, mas bem promissor e que me projetou para a carreira bonita que tive.”
Engana-se quem pensa que Bindé sempre foi lateral-direito. O começo no futebol foi bem mais adiantado, com o jogador atuando de meia-atacante. “Sempre fui goleador, era muito metido.” O recuo foi uma estratégia de Beto Campo, pois viu no jogador um misto de marcação com poder de ataque. “Me adaptei tão bem a posição que fui eleito em 2003 o melhor lateral do Estadual Junior e também na Copa FGF.”
“Foi amor a primeira vista”
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Foto: Caco Marin/Divulgação
Depois que surgiu no Juventus, Bindé passou por sete clubes até chegar no Lajeadense. A chegada no alviazul foi por acaso. Retornando de Criciúma, decidiu parar em Lajeado para visitar o amigo Serginho Almeida. Na visita, já conversou com Everton Giovanella e Luiz Freire, dirigentes do clube e se acertaram para a temporada. “Foi um amor a primeira vista, desde então o Lajeadense está no meu coração.”
A primeira das duas passagens durou uma temporada e meia, mas foi muito proveitosa. Destaca como positivo ter jogado no Estádio Florestal. “A torcida ficava no campo, fazendo aquele agito. É algo marcante, foi ali que surgiu a paixão pelo clube.”
Depois que saiu do Lajeadense, girou ainda por outros sete clubes até voltar para Lajeado novamente, em 2018. Na cidade encontrou o Lajeadense em outra situação. Diferente de 2011, o clube agora está na segunda divisão e jogando no Estádio Alviazul. Para Bindé, a troca de lugar distanciou os torcedores do clube. “O Florestal abraçava os jogadores de forma diferente.”
Realidade
“Nós vivemos o submundo do futebol”, a frase do jogador relata a realidade de muitos jogadores de futebol no Brasil. Nos 14 clubes que passou na carreira cita o Treze, Paraíba, como o pior clube. No período em que ficou lá, teve complicações de saúde e recebeu pouca assistência. Depois que deixou o clube, moveu uma ação na justiça e ganhou a causa. “A nossa realidade não é o que se passa na Televisão.”
Sonhos
Desde que iniciou a carreira, Bindé sempre teve o sonho de jogar em um clube de Série A de Brasileiro ou jogar na Europa. Comenta que várias vezes esteve perto de acertar com o Grêmio e Internacional. A que chegou mais perto foi em 2012, quando após ser eleito o melhor lateral-direito do Gauchão, sentou para conversar com os dirigentes mas não houve acerto. “Não levo isso como frustração, levo como uma vitória por ter sido lembrado por grandes clubes.”
O atleta comenta que apesar da frustração de não ter jogado em um clube de Série A, conseguiu atuar em grande nível por onde passou. “Minha vontade de jogar futebol sempre foi a mesma por onde passei.”
Indagado se faria algo diferente se fosse começar do zero, Bindé explica que não. “Não sei se tomaria uma decisão diferente dentro da minha carreira, honrei as camisas que vesti. Sempre fui o mais correto possível.”
Momento marcante
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Foto: Caco Marin
Para o lateral, a primeira passagem pelo Lajeadense foi a mais especial. “Foi muito bem acolhido pelos torcedores, clube e funcionários. Nunca tive isso em outro clube.”
A passagem pelo Lajeadense também mudou a vida da família Bindé, que hoje fixou residência em Lajeado e pretende seguir na cidade após encerrar a carreira. “Amo Lajeado e o Vale. Fui acolhido de uma forma especial por todos.”
Futuro
Com 36 anos, Bindé caminha para a reta final da carreira. “Apesar da idade, me sinto fisicamente muito bem para jogar.” Atualmente além de jogar, treina a categoria sub 15 do Lajeadense. Com a carteira para trabalhar como treinador na base, Bindé planeja seguir no esporte depois que se aposentar. “Enquanto que tiver perna ainda e os guris não estiverem me atropelando, eu vou seguir jogando. A hora que mudar a situação e a coisa ficar feia, vou parar (risos).
Ficha técnica
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Foto: Caco Marin
Nome: Alexandre Bindé
Idade: 36
Natural de: Três Passos
Mora em: Lajeado
Posição: lateral-direito
Clubes por onde passou: Juventus (Santa Rosa), São Luiz (Ijuí), TAC (Três Passos), Glória (Vacaria), Porto Alegre (Porto Alegre), Avenida (Santa Cruz do Sul), Caxias (Caxias), Criciúma (Santa Catarina), Lajeadense (Lajeado), Cerâmica (Gravataí), São José (Porto Alegre), Brasil (Farroupilha), Ypiranga (Erechim), Treze (Paraíba), São Paulo (Rio Grande) e Novo Hamburgo (Novo Hamburgo).