· O que lhe fez escolher ser professora?
Eu trabalhava com outras áreas. Estava no comércio e tinha me acomodado. A empresa em que eu estava entrou em crise e fechou. Eu precisava de algo, precisava me profissionalizar. Conversei com amigas dentro da educação e me indicaram algumas áreas com falta de profissionais. Então, optei por história.
Eu tinha mais de 30 anos. Tinha me formado no Ensino Médio com 17. Precisei me reinventar. Na bem da verdade surgiu da necessidade de buscar uma profissão.
· Como foi chegar em uma sala de aula para lecionar?
Eu fui convidada para ser professora no Castelinho (Colégio Presidente Castelo Branco, de Lajeado). Na época, isso faz uns 12 anos, era a maior escola da região. Eram mais de 2 mil alunos. Fui dar aula no noturno e ali me apaixonei por aquela realidade.
Comecei a conhecer os alunos, as diferentes realidades, as aspirações e a curiosidade deles. Descobri ali que ser professora era a minha profissão e hoje não me vejo fazendo outra coisa.
· Quando fala em reinvenção. Essa é uma tônica da modernidade. Como foi abrir os olhos para isso e fazer diferente?
Da certeza que tinha de achar meu lugar no mercado. Não podia ficar desempregada. Quando estava para sair do antigo emprego, decidi que precisava volta a estudar, pois logo os jovens estariam ocupando o meu espaço. Era preciso buscar um mundo novo. Eu pensei: não vamos esperar acontecer, vamos fazer acontecer.
· Muito se fala sobre o que estamos trabalhando hoje pode não ser mais necessário no futuro. Como orientar os alunos sobre essas transformações?
Eu tenho um modelo de lecionar. Eu preciso cativá-los. Tenho de conhecer melhor os alunos. Não sou uma professora só de conteúdo ou de conceito. Tento fazer com que eles saibam como é o mundo lá fora. Aprender é saber conteúdo e também conseguir enxergar a realidade. E a minha experiência, toda a manobra que eu precisei fazer acaba ajudando. Eu tive de me reinventar quando voltei para a universidade. Agora me reinvento todo o dia para dar aulas.
· A pandemia trouxe uma necessidade de transformação. Há muito se falava da tecnologia como aliada do ensino, mas foi a covid-19 que chegou e forçou um processo que antes estava no discurso. Como tem sido isso para você?
De novo. É reinvenção. Mas não só isso, também desacomodação. Antes da pandemia, eu tinha meus horários. Saia de casa e ia para a escola. Era uma rotina posta, sem mudanças bruscas. Claro que o período agora é complicado. É difícil ensinar sem a proximidade com os alunos. Mas há um lado positivo. Falamos muito de revolução tecno-científica, de aulas diferentes, de alunos protagonistas do seu aprendizado. Só que antes não se praticava isso. Se tinha o quadro, o giz, o livro e o aluno.
Agora temos de buscar formas diferentes e orientar o aluno, para que ele busque caminhos e seja mais protagonista do seu aprendizado.