Como a patinação entrou na tua vida e como surgiu essa paixão pela patinação?
Jaqueline – Nos anos 80, morava em Estrela e tinha um professor de patinação Uruguiao que trabalhava em Porto Alegre que vinha dar aula em Estrela. Eu, minha irmã e minhas primas patinavamos com ele em um clube da cidade. Quando vim morar em Lajeado em 1981, me deslocava para fazer patinação. Logo então, a diretora do Madre Bárbara me convidou para abrir alguma turmas na escola. Desde então começou e não paramos mais. Lá se vão 38 anos. É uma história bacana e linda, tá no coração.
Como iniciou a escola de patinação?
Jaqueline – Antes de pensar em competição e trabalho de alto rendimento, a gente se fascina pelo esporte, pela dança, apresentações, por todo o brilho que encanta a criançada. Eu e minha amiga Grazi tomamos a frente da escolinha. Foi quando paramos de brincar de patins e começamos a levar a patinação mais a sério. Passei a estudar, fazer cursos, aperfeiçoar, trazer colegas com mais conhecimento para me ajudar a evoluir os alunos. Assim fomos nos destacando. Nesse meio tempo o Marcel Sturmer apareceu e foi todo esse expoente que o Brasil já conhece. Ele fez muita historia. Aqui em Lajeado os grupos de show em 2007 e 2010 também tiveram um trajeto lindo no esporte, indo para o mundial de patinação. Temos uma caminhada de muito amor e muito trabalho que sempre foi muito reconhecido. A gente é muito feliz por toda a história e por ter semeado essa sementinha em Lajeado. Ela rendeu muitos frutos, quase todas as escolas que temos no Vale do Taquari foram minhas alunas. É muito gratificante para a gente ver o sucesso delas.
Quantas alunas vocês têm?
Jaqueline – A Cia de Patinação Sobre Rodas foi fundada em 2002 e desde lá muitas pessoas passaram pela escola. A gente tinha turmas em Venâncio Aires e Santa Clara do Sul. Hoje temos turma em Encantado, Boqueirão do Leão e Progresso via projetos sociais. A gente tenta levar o esporte para todos as regiões e cidades do Vale. A gente acredita que em torno de cinco mil crianças já passaram pela patinação. Estávamos com 140 alunos na Cia Sobre Rodas.
Como vocês estão fazendo nesse período? Tem previsão de retorno das aulas?
Jaqueline – Estamos parados desde o dia 16 de março. Com a nossa equipe de competição, a gente tem um trabalho onde passamos dicas de preparação física para que eles não percam o ritmo e condicionamento. Já com a escolinha é mais difícil, pois eles querem estar em cima dos patins. Eles querem ensaiar coreografias, aprender novos elementos para executar e se apresentar nos shows de fim do ano. Fiz um material didático e pedagógico onde passamos virtualmente. Estamos tentando trabalhar algumas questões teóricas e corporal. Não temos nada previsto para o ano, para voltar temos que ter uma autorização dos governos. Quanto a show e competições não temos a mínima noção se poderemos fazer algo. Estamos torcendo para esse quadro mude o mais rápido possível.
É possível termos um novo Marcel no Vale?
Jaqueline – Nada é impossível, quando a gente menos espera pode aparecer um novo ícone no esporte. Temos que ser eternamente grato ao Marcel. O Brasil teve muito a ganhar com o talento dele e a projeção que conseguiu. A gente despontou no esporte. Colocamos Lajeado no cenário Mundial. Não tem como não ser grato por ele. Eu como professora dele por 20 anos, a gente sabe as dificuldades que corremos e tivemos que enfrentar para poder chegar la tudo que abdicamos e estudamos muito, aprendemos muito um com o outro. Acho que nós lajeadenses temos que ser eternamente grato por tudo que ele conseguiu. Ele conseguiu abrir a facão o caminho, foi muito árduo e hoje é muito mais fácil pra quem começarão.
