Por que o governo cria uma nota de R$ 200?

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Por que o governo cria uma nota de R$ 200?

Segundo economistas, tem relação com a queda na circulação de cédulas no país, com pessoas “entesourando” dinheiro em casa durante a pandemia. Especialistas descartam risco de inflação

Por que o governo cria uma nota de R$ 200?
Lobo-guará será o símbolo da nota, que chegará ao mercado neste mês
Brasil

Um anúncio do governo federal nesta semana pegou o mercado de surpresa. A partir de agosto, uma nova cédula estará circulando no país, a de R$ 200, que terá o lobo-guará como símbolo. Entre dúvidas sobre a nota, criou-se também uma confusão entre uma parte da população, temendo um possível retorno da inflação.

Contudo, especialistas dizem que não é motivo para preocupação. A inflação está sob controle, inclusive abaixo da meta prevista. O que levou o Banco Central a apresentar uma nova cédula é o chamado entesouramento.

“É isso que o governo têm alegado. Em função da pandemia, muitas pessoas estão fazendo isso. Aí, falta dinheiro circulando. Por isso, emitir uma moeda nova contribui para aumentar a circulação. ”, explica a economista e professora da Univates, Fernanda Sindelar.

De fato, esta é uma análise predominante entre os especialistas. O mestre em Desenvolvimento Econômico, Eduardo De Gasperi, considera que, num momento de incertezas, as pessoas têm preferência pela liquidez. “É um momento de incerteza generalizada. As pessoas preferem entesourar moedas por motivo de precaução. Por isso, a demanda por papel cresceu muito durante a crise”, afirma.

A última cédula a ser lançada foi a de R$ 20. Naquela ocasião, Fernanda lembra que também a nota foi criada para aumentar a circulação de dinheiro e facilitar o troco. “Isso já ocorreu em outros momentos”, recorda.

Medo da inflação

O trauma de quem viveu os anos 1980 e meados da década de 90 é grande quando o assunto é inflação. Naquele período, o Brasil convivia com índices altíssimos e constante mudança nos preços, motivando também mudanças na moeda.

“O povo tem uma memória inflacionária muito forte no Brasil. Mas uma coisa não tem nada a ver com a outra. A nova nota causou uma polêmica muito maior do que seria necessária. É mais para reduzir os custos com logística”, ressalta De Gasperi.

Efeito adverso

Para especialistas, a nova cédula terá efeito macroeconômico nulo. Entretanto, pode apresentar algumas adversidades. Uma delas é o troco, que ficará dificultado com a nota de R$ 200. “E um efeito adverso é que a medida facilita contravenções. O mundo do crime está festejando essa nota, principalmente aqueles que lavam dinheiro”, alerta De Gasperi, citando o exemplo da Europa, que baniu a nota de 500 euros, muito utilizada pela máfia.

As cédulas do Real

Em 1994, o Plano Real entrou em vigor e, como efeito principal a redução na inflação no país. Inicialmente, foram criadas cédulas de R$ 1, R$ 5, R$ 10, R$ 50 e R$ 100;

– Após sete anos com as mesmas cédulas, em 2001 o Banco Central lançou a nota de R$ 2, com o propósito de facilitar o troco. No ano seguinte, surgiu a nota de R$ 20, também com o mesmo objetivo;

– Em 2005, a nota de R$ 1 parou de ser impressa. Desde então, ela passou a ser substituída gradativamente pela moeda de metal de mesmo valor. Hoje é raro encontrar uma nota de R$ 1, se tornando desejo de colecionadores.

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