A enchente que assolou o Vale do Taquari no mês de julho deixou seu rastro também na Cooperativa Dália Alimentos. Além da unidade frigorífica de suínos, localizada em Encantado, a água atingiu, principalmente, a moradia de dezenas de funcionários da empresa. Registrada como a maior da história desde o ano de 1941, a cheia do Rio Taquari desabrigou em torno de 150 famílias de funcionários da cooperativa.
Gestos de solidariedade e de fraternidade vieram de todas as partes do Estado. Os “Amigos da Dália” doaram volume expressivo de roupas, calçados, cobertores, colchões, móveis e material de higiene e limpeza para, de forma paliativa e imediata, ajudar as famílias, sendo a maior delas de haitianos.
Um mutirão do bem foi constituído e doações das mais variadas cidades da região, da capital do Estado e da Serra Gaúcha chegaram à Dália, em forma material e também através de dinheiro, cuja conta corrente foi criada especificadamente para os atingidos pela cheia. Todo o valor será revertido para a aquisição de bens compatíveis com as necessidades das famílias.
A repercussão positiva sensibilizou também o presidente Executivo da Dália Alimentos, Carlos Alberto de Figueiredo Freitas. Ele reforçou que a sociedade civil, quando unida, é forte e decisiva para a solução de problemas e que a Dália Alimentos está empenhada em fazer com que todas as doações cheguem a quem realmente precisa.
“Todos os colegas que perderam seus pertences para a cheia estão sendo beneficiados. Por isso, expressamos nossa profunda gratidão a quem doou parte de seus pertences, os quais asseguramos estar chegando às pessoas necessitadas, assim como o dinheiro obtido pela campanha solidária, que será revertido em bens necessários e destinados a quem muito ou tudo perdeu”.
Segundo ele, esse é compromisso da cooperativa, em respeito a quem participou desta campanha, registrada a marca da confiabilidade que a Dália Alimentos desfruta. “Obrigado pela solidariedade, junto com o agradecimento também, dos beneficiados pelas doações.”
De criança para criança
A sorridente Selena, de apenas 2 anos, tem sangue haitiano e brasileiro. Nascida no Brasil e filha de pais haitianos, ela foi umas das crianças – filhos, sobrinhos, afilhados e conhecidos de funcionários da Cooperativa Dália Alimentos – que perderam seus pertences na última enchente.
Qualquer brinquedo era uma distração para a menina com sorriso e olhar cativos e marcantes. Selena, assim como a mãe Idonete Desius, ficou sem casa, sem roupa e sem brinquedo. Mas o gesto de crianças do município de Relvado modificou este cenário e levou alegria à Selena e a tantas outras crianças na sexta-feira, dia 17 de julho.
Diversos brinquedos foram embrulhados em pacotes de presente e entregues na Dália Alimentos, em Encantado, junto ao centro de arrecadação e doação que conta com gestos de solidariedade de vários amigos da cooperativa.
Com bilhetes escritos à mão e assinados com dizeres de amor e carinho, os ursos de pelúcia, as bonecas, os jogos e os carrinhos tornaram o dia mais feliz para as crianças que ainda nem compreendem o que está acontecendo.
A pequena Francisca, de 5 anos, doou vários brinquedos, muitos deles ainda de seu uso, mas optou por doá-los às crianças que não tinham nenhum. A menina mora em Relvado e, assim como ela, demais amiguinhos fizeram o mesmo. Escreveram bilhetinhos e mandaram à Dália para serem entregues aos pequenos filhos de funcionários.
Os pais de Francisca, Fabiane Luft e Oberdan Taufer, explicaram à pequena desde cedo a importância de fazer o bem e de compartilhar o que se tem com quem necessita. Francisca e Selena não se conhecem, talvez nunca irão se conhecer, mas por obra do destino já possuem algo em comum: o gesto de dar e receber com amor e gratidão.