#Fique em casa, frase muito linda e propagada aos quatro ventos por famosos e endinheirados. No início da histeria, alguns exibiam até taças de champanhes e pratos sofisticados em seus apartamentos chiques ou em jardins e pátios enormes dentro de suas mansões. Era “nobre”, “solidário” e “muito razoável” proceder com tamanha “empatia”. Pra mim, num português claro, isso se chama hipocrisia e total falta de noção.
Quem tem o salário gordo garantido no final do mês, é fácil mandar ficar em casa. Aliás, as castas privilegiadas com benesses e corporativismos conquistados ao longo de décadas no poder público também se confortam com o “lindo #fique em casa”.
O presente comentário deseja confrontar o que prega o reitor da Universidade Federal de Pelotas. Pedro Hallal tem insistido no lockdown para o RS. Não se dá conta que fala para uma meia dúzia de privilegiados, incapazes de perceberem a gravidade que significa destroçar a economia social de um estado.
Ao comprometer o emprego e a renda do trabalhador, empobrecemos não só a população, mas também fragilizamos ainda mais o falido estado gaúcho. Com isso, faltará mais dinheiro para enfrentar o cenário caótico de outras doenças que matam pessoas faz décadas, como o câncer, a depressão e dezenas de outras, vorazes e impiedosas.
Muitas pessoas morrem, não por falta de tratamento de saúde, mas por falta de necessidades básicas para manterem seu sistema imunológico mínimo. Falta saneamento, falta comida, falta tudo.
Querer lockdown é cegar diante das estatísticas mundiais em relação às mortes por causa da fome ou desnutrição humana, sem falar das doenças correlacionadas.
É hora de enfrentar o “politicamente correto”. Chega de tergiversar e fingir que cuidar da economia é acabar com a vida das pessoas. É o contrário. Quem se importa com o próximo quer produzir, gerar renda e dignidade para sobreviver. Nem a população de países de primeiro mundo – com reservas particulares – aceitou parar pacificamente. Então, imagina no Brasil, onde a maioria “vende a janta para fazer o almoço”.
Emprego, renda e riqueza são o antídoto para enfrentar os enormes desafios em diferentes áreas, inclusive, da saúde pública, e não apenas do coronavírus. E ainda sequer falamos da debilitação psicológica que destrói a capacidade de reação das famílias mais afetadas.
Urge acabar com a politização da doença. Esta insistência de egos e vaidades entre profissionais médicos, e o rasteiro jogo de interesses dos políticos de plantão, são um verdadeiro desserviço e atentado a quem precisa trabalhar para sobreviver.
Precisamos cuidar uns dos outros, respeitar protocolos de saúde nas empresas, nos lares e nas ruas. Necessário enfrentar o problema com o que dignifica e sustenta o ser humano: o trabalho.
Não passa de meia dúzia que pode se dar o luxo e ficar em casa, com geladeira cheia, sem ter de ralar sol a sol para sustentar a família.
Desafio os defensores de lockdown a viverem uma semana nas condições de quem se espreme em cômodos que mais parecem do tamanho de um banheiro daqueles que defendem a ideia.
Portanto, pedir para a população brasileira ou gaúcha ficar em casa enquanto passa fome ou vê seus boletos empilhados na porta, é uma sugestão de quem não conhece a realidade do trabalhador.
É conversa mole que não passa de exibição para burguês aplaudir.
Inventa outra, esta não cola.
Se as autoridades quiserem obter apoio e adesão terão de se aproximar das realidades distintas da população, para construir alternativas customizadas e coerentes.
Os prefeitos “amarelaram”
Desde o início da pandemia, parte dos prefeitos gaúchos pede mais autonomia ao governador Eduardo Leite em relação às decisões de isolamento social em seus municípios. Na última semana, quando o governador quis repassar a prerrogativa aos chefes municipais, eles recusaram. A negativa partiu da Famurs, liderada pelo presidente, Emanuel Hassen de Jesus, que faltou conversar com os demais prefeitos.
A Famurs voltará atrás da decisão, já que os prefeitos da Amvat e de várias regiões pressionam para obterem a liberdade de decidir sobre o isolamento social. Aguardemos.