“Não vejo outra arte mais completa que a literatura”

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“Não vejo outra arte mais completa que a literatura”

Bernardo Siqueira encontrou nos podcasts uma extensão gratuita e acessível para suas aulas de literatura. Faz um ano, ele criou o “Em terceira pessoa”, sobre leituras obrigatórias do vestibular. Atua também no Picanha Cultural, sobre música e cinema. Aos 32 anos, vive em Lajeado e leciona em dois colégios particulares da região. Recentemente, criou a Sonar, empresa incubada no Tecnovates, voltada à produção de podcasts próprios e para empresas

“Não vejo outra arte mais completa que a literatura”
Vale do Taquari

• O que motivou a começar a fazer os podcasts?

Duas coisas me motivaram. A primeira foi eu ser um grande fã de podcasts. Me inspirei em pessoas que simplesmente tinham o desejo de comunicar alguma coisa e o fizeram. A segunda foi o fato de eu ser um professor de literatura que dá também outras matérias. Esse meu amor pela literatura me inspirou a fazer um programa destinado aos meus alunos. Foi para uma extensão das minhas aulas.

• Como se relacionam estes dois canais: sala de aula e podcast? Quais as principais diferenças ente eles?

A sala de aula, apesar de ser canal aberto de relacionamento entre professor e aluno, tem limitações, inclusive de tempo e abrangência. Quase sempre, o aluno está ali obrigado. O podcast é uma ferramenta que o aluno procura quando ele quiser. E em relação à abordagem, na sala de aula, não posso me aprofundar tanto em um determinado livro. No podcast, eu tenho o tempo que eu quiser para falar. A abordagem é menos profissional e mais pessoal, de opinião.

• E os podcasts viraram uma empresa?

A gente virou uma empresa incubada no Tecnovates, o nome é Sonar Podcasts. É uma criadora, produtora e editora de podcasts. A empresa tem hoje quatro podcasts abertos ao público, disponíveis em todas plataformas: Spotify, Deezer, Apple. Começamos hoje [quinta, 23] com podcasts institucionais voltados ao ambiente profissional. Podcasts internos para empresas da região. Por enquanto, somos eu e minha sócia, Gisele Buffon.

• Como você vê a situação do livro em meio às transformações digitais?

Há muito tempo, as pessoas falam que o livro físico vai acabar, mas o fato é que ele nunca acaba. Ter o livro na sua mão é algo muito particular, tem um apelo sensorial. As mídias vêm para democratizar o acesso à informação. Elas não competem, se complementam.

No meu caso, o podcast democratiza muito a educação. Qualquer aluno de qualquer escola de qualquer lugar do Brasil pode ouvir. Para ter o livro, às vezes tem que investir R$ 50, enquanto a minha fala é grátis, qualquer um pode acessar.

• O que representa a literatura na tua vida?

Eu escolhi a literatura influenciado pelos professores Kleber Eckert e Rosane Cardoso. Além de objeto de estudo e profissão, é uma paixão. Eu não vejo outro tipo de arte mais completo que a literatura. Muita gente diz que o objeto artístico mais completo é o cinema, porque você pode ver. Mas a literatura tem um poder maior. A ficção não é só entretenimento, é uma ferramenta completa para conhecer o passado, pensar o futuro, conhecer opiniões. Ela é universal, atemporal.

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