Rodoviárias projetam reação em dezembro

Início de retomada

Rodoviárias projetam reação em dezembro

Setor que chegou a ter redução de quase 90% no início da pandemia esboça reação. Expectativa é de melhora para a virada do ano

Rodoviárias projetam reação em dezembro
Boxes com poucos ônibus e bancos com poucos passageiros se tornaram cenário comum nas rodoviárias. Foto: Matheus Chaparini
Lajeado

No fim da tarde, não mais do que dez passageiros esperam seus ônibus na rodoviária de Lajeado. Um veículo com destino a Imigrante encosta e sai vazio. Ao menos seis das lojas da estação estão vazias, com placa de aluguel. Das que ainda operam, boa parte está fechada. Restam as lancherias, com poucos clientes.

O movimento nas estações rodoviárias teve uma queda brusca com a chegada da pandemia e as medidas de distanciamento social. O impacto é percebido em todo o estado.

Em Encantado, a estação rodoviária, que chegou a ficar fechada durante o mês de junho, reabriu no início de julho. Em Cachoeira do Sul, no Vale do Rio Pardo, a rodoviária fechou faz duas semanas. Em Venâncio Aires, a concessionária desistiu do ponto ainda no fim de abril e uma das empresas de ônibus assumiu a venda de passagens.

Abril foi o pior mês da crise e as rodoviárias chegaram a registrar pouco mais de 10% do movimento normal.
Aos poucos, a venda de passagens cresce e horários que haviam sido cancelados voltam a receber passageiros. Ainda assim, o sindicato da categoria projeta uma mudança mais visível apenas para o fim do ano.

“Não se vislumbra uma possibilidade de melhora daqui a um ou dois meses. Já estamos projetando algum crescimento mais significativo para dezembro”, afirma o presidente do Sindicato das Estações Rodoviárias do RS (Saerrgs), Nelson Noll. Os meses de dezembro e janeiro são considerados os de melhor movimento para o transporte rodoviário de passageiros.

Abril foi o pior mês

Em Lajeado, o movimento em abril correspondeu a 18% do normal. “É uma queda brutal”, avalia Noll. Em maio, subiu para 23% e, em junho, chegou a 28%. Além de Lajeado, sua família administra também a rodoviária de Estrela, onde a situação é semelhante.

Noll afirma que não houve demissões. “Estamos segurando os empregos, utilizando dos programas do governo federal. Tivemos prejuízos de março e junho e termos também em julho. A gente não sabe até quando dá para aguentar.”

Retomada e otimismo na crise

No meio de uma crise econômica histórica para os setores ligados ao transporte, Franklin Fiel assumiu o desafio de reabrir a rodoviária de Encantado. A concessão está com a família faz cerca de 50 anos.

A estação chegou a fechar em junho e reabriu em 4 de julho, após renegociação com as empresas de ônibus. Dias depois, a enchente deixou a rodoviária abaixo de quase dois metros d’água, mas foi possível salvar os bens em um mezanino.

Mesmo com o início difícil, a projeção para os próximos meses é de retomada. Dos 32 horários diários, apenas 20 estão operando. No início de agosto, outros quatro devem ser retomados.

“O movimento aumenta dia a dia. Essas crises vêm a calhar para as rodoviárias. Com o aumento do desemprego, o pessoal vai migrando de cidade em cidade e usa o ônibus. A partir do fim do mês vou ter uma ideia real da situação”, afirma.

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