“A primeira cachaça foi feita em 20 de agosto de 1982”

abre aspas

“A primeira cachaça foi feita em 20 de agosto de 1982”

Costume que passa de geração em geração. No interior de Travesseiro, o agricultor Jorge Fuchs, 52, guarda em casa o trabalho e as recordações ensinadas pelo pai Laurindo Fuchs, o “Campeiro”, conhecido pela produção artesanal de cachaça. Em casa, estão armazenados mais de 1,5 mil litros de diversos tipos da bebida.

“A primeira cachaça foi feita em 20 de agosto de 1982”
Vale do Taquari

• Como começou a produção de cachaça?

Eu lembro bem. A primeira cachaça que fizemos foi no dia 20 de agosto de 1982. Meu pai Laurindo Fuchs (In memoriam) que iniciou a produção. Eram plantados cerca de 15 mil pés de cana de açúcar em dois ou três hectares. Todo o processo era feito manualmente.

• Você ainda guarda as ferramentas de trabalho?

Praticamente tudo está aqui. Moenda, caldeiras, pipas e litrões. Tudo está guardado. Era um trabalho do meu pai, ele se dedicava muito, e ficou conhecido por isso. O apelido dele (“Campeiro”) era associado à cachaça campeira. Logo o apelido pegou.

• Como funcionava o processo de produção?

Tudo era feito manualmente. Isso demorava um dia inteiro. O primeiro passo era colher a cana, depois a moenda, fermentação e o aquecimento na caldeira. Depois disso todo o líquido do alambique era armazenado nas pipas que tenho guardadas até hoje em um galpão construído pelo meu avô.

• Quantos litros eram produzidos em média?

Dependia muito. Nos primeiros anos, chegava aos 500 litros de cachaça, mas já batemos o número de três mil litros por ano. Os últimos litros de cachaça foram feitos em 2015.

• Para onde era vendida a produção?

O pai vendia direto ao consumidor ou para os armazéns de comunidades, como no Mercado Weimer de Picada Felipe Essig, no salão comunitário ou nas conhecidas “bodegas” da cidade e até fora dela. Tinha clientes até de Farroupilha.

• E os barris de madeira. Quantos ainda são guardados?

Tenho 12 barris, são aproximadamente 1,5 mil litros. As pipas eram construídas com madeira de grápia e vinham das mais diversas áreas. A madeira é fundamental para dar cor e a suavidez da cachaça. O envelhecimento é a etapa final da elaboração. Depois, tudo pode ser engarrafado.

• Você é o único na família que seguiu os passos do pai?

Sim, o único que ficou trabalhando na agricultura. Éramos quatro irmãos. Era um serviço que eu e meu pai gostávamos de fazer, mas tudo exigia tempo e dedicação. Meu filho hoje segue trabalhando fora e a tradição de fazer o alambique parou em mim.

Acompanhe
nossas
redes sociais