• Como começou a produção de cachaça?
Eu lembro bem. A primeira cachaça que fizemos foi no dia 20 de agosto de 1982. Meu pai Laurindo Fuchs (In memoriam) que iniciou a produção. Eram plantados cerca de 15 mil pés de cana de açúcar em dois ou três hectares. Todo o processo era feito manualmente.
• Você ainda guarda as ferramentas de trabalho?
Praticamente tudo está aqui. Moenda, caldeiras, pipas e litrões. Tudo está guardado. Era um trabalho do meu pai, ele se dedicava muito, e ficou conhecido por isso. O apelido dele (“Campeiro”) era associado à cachaça campeira. Logo o apelido pegou.
• Como funcionava o processo de produção?
Tudo era feito manualmente. Isso demorava um dia inteiro. O primeiro passo era colher a cana, depois a moenda, fermentação e o aquecimento na caldeira. Depois disso todo o líquido do alambique era armazenado nas pipas que tenho guardadas até hoje em um galpão construído pelo meu avô.
• Quantos litros eram produzidos em média?
Dependia muito. Nos primeiros anos, chegava aos 500 litros de cachaça, mas já batemos o número de três mil litros por ano. Os últimos litros de cachaça foram feitos em 2015.
• Para onde era vendida a produção?
O pai vendia direto ao consumidor ou para os armazéns de comunidades, como no Mercado Weimer de Picada Felipe Essig, no salão comunitário ou nas conhecidas “bodegas” da cidade e até fora dela. Tinha clientes até de Farroupilha.
• E os barris de madeira. Quantos ainda são guardados?
Tenho 12 barris, são aproximadamente 1,5 mil litros. As pipas eram construídas com madeira de grápia e vinham das mais diversas áreas. A madeira é fundamental para dar cor e a suavidez da cachaça. O envelhecimento é a etapa final da elaboração. Depois, tudo pode ser engarrafado.
• Você é o único na família que seguiu os passos do pai?
Sim, o único que ficou trabalhando na agricultura. Éramos quatro irmãos. Era um serviço que eu e meu pai gostávamos de fazer, mas tudo exigia tempo e dedicação. Meu filho hoje segue trabalhando fora e a tradição de fazer o alambique parou em mim.