Uma placa em frente ao Restaurante Zanatta’s indica o fechamento temporário no período de pandemia da covid-19. “A gente estava pagando pra trabalhar”, relata o proprietário Nilson Luiz Zanatta, 59, ao destacar as semanas em atividade.
Segundo ele, a quantidade de almoços, que chegava a 130 diários antes do coronavírus, passou a menos de 30. “Não pagava nem a luz”, lamenta. Dos quatro funcionários, um foi demitido e o restante está cumprindo o período pós suspensão de contrato.
Com o ponto na Benjamin Constant faz 12 anos, Zanatta afirma ter registrado meses de janeiro e fevereiro positivos. “Começou 2020 com o melhor movimento no início de ano desde a inauguração”, comenta. Agora, com a pandemia, não tem previsão de quando irá reabrir novamente.
Queda superior a 50%
A dificuldade financeira do Zanatta é registrada em todos os estabelecimentos da região, confirma o Sindicato de Hotéis, Motéis, Restaurantes e Bares do Vale do Taquari (Sindavat). A entidade congrega 142 lanchonetes e restaurantes. Com as casas de chá, o número chega a 245 empreendimentos.
No início da pandemia, em março, restaurantes e similares chegaram a atuar por cerca de 45 dias com 10% do faturamento em função das restrições comerciais. A entrada do Vale do Taquari na bandeira laranja fez a situação melhorar, entretanto os estabelecimentos ainda não chegaram à metade do faturamento.
A avaliação é do vice-presidente do Sindavat, Paulo Roberto Schöller, 40. “No começo o delivery (tele-entrega) ainda se destacou. Mas atualmente está difícil para todos”, percebe. Conforme ele, estima-se que 10% dos cerca de 2 mil empregados no setor foram demitidos.
Principal dificultador é a impossibilidade de liberação do bufê, relata Schöller. No sistema atual, o cliente é servido pelos profissionais do restaurante. “Isso gera um constrangimento, pois as vezes o cliente quer mais ou menos. Muitas pessoas não vem almoçar quando veem que terão de ser servidas”, comenta.
Em reunião com o governo de Lajeado, em maio, a entidade foi informada da elaboração de uma pequisa que comprovaria a inexistência da contaminação no ato de servir. O estudo de ser apresentado ao Estado para solicitar liberação dos bufês.
Outro problema aos restaurantes e lanchonetes é o cancelamento das aulas e a adoção do sistema home office em várias empesas. “Muitos não vem almoçar porque algum familiar está em casa e faz a refeição”, ressalta.
Para Schöller, a situação do setor só irá normalizar com o fim das restrições impostas pelo sistema de Distanciamento Controlado. Até o momento, a entidade não registrou falência de restaurantes e lanchonetes, entretanto em caso de nova bandeira vermelha, Schöller estima que empreendimentos podem fechar as portas.