Protagonista na criação do modelo de distanciamento controlado no Rio Grande do Sul, a coordenadora do Comitê de Dados da covid-19, Leany Lemos, foi a convidada de ontem de uma reunião-almoço virtual, promovida pela Associação Comercial e Industrial de Lajeado (Acil).
Mediado pelo presidente da Acil, Cristian Bergesch, o debate também teve a participação do diretor executivo do Hospital Bruno Born, Cristiano Dickel, e foi acompanhado por associados da entidade. O foco da conversa foi o distanciamento controlado, que entrou em vigor em maio e, na última segunda-feira, resultou na décima semana consecutiva de bandeira laranja para a região.
Leany explicou pontos do distanciamento e também detalhou porque o Vale foi classificado provisoriamente como bandeira vermelha na última sexta-feira e, após a região entrar com recurso, voltou à classificação de risco médio.
“Lajeado começou com a bandeira vermelha, depois passou para a laranja e teve uma queda. Houve um controle. Nas últimas duas semanas, a região teve aumento da nota de corte e até quinta passada, houve um aumento no número de pacientes confirmados por Covid, saindo de 13 para 20”, salienta.
Questionada por Bergesch sobre a dificuldade da sociedade aceitar a classificação de bandeira vermelha, principalmente quando boa parte dos internados em leitos de UTI são de outras regiões, Leany pede maior solidariedade. “O Distrito Federal, por exemplo, é cercado por um enorme espaço sem hospitais. Até pacientes do Amazonas foram atendidos em Brasília”, explica.
Cobrança e ajustes
Outro questionamento foi quanto ao futuro do distanciamento controlado, que vem sendo alvo de questionamentos até mesmo de prefeitos. O governo já projeta dar mais autonomia aos municípios. Nem por isso, entretanto, o modelo deve ser desprezado.
“É um modelo que nos traz confiança e que inspirou outros estados. E é um modelo vivo, não de prateleira. Sendo algo novo, sofrerá ajustes ao longo do tempo, como a possibilidade de ter recurso. O objetivo do distanciamento controlado é ser alternativo a modelos extremos, como o lockdown ou o “abre-tudo”, comenta Leany.
Bergesch defendeu uma forma dos números que compõe o distanciamento controlado chegarem de maneira mais clara à população. “Quanto mais tangível uma meta, quanto mais acessível for a forma de comunicar, mais fácil as pessoas vão assimilar”, ressalta.