Aulas virtuais, menos alunos e adaptação à nova realidade. A pandemia atinge as universidades e obriga estratégias para manterem as matrículas e o orçamento. Sem estimativa para o retorno das aulas presenciais, os desafios exigem gestão e contato permanente com os alunos.
De acordo com o presidente do Sindicato das Entidades Mantenedoras de Instituições Comunitárias de Educação Superior do RS, o pró-reitor de Administração da Univates, Oto Moerschbaecher, há um grande receio das universidade quanto a evasão dos acadêmicos neste ano.
Para ele, a pandemia ensina que as instituições precisam pensar soluções e se adaptar. Uma das formas é a implementação de modelos híbridos de ensino, dividindo algumas atividades presenciais e aulas virtuais. “Já havia um debate em curso sobre isso. Agora será um modelo. O que ficou para as instituições e que vinha se comentando que o modelo híbrido. De presencial e remota. Isso de fato será implementado em uma velocidade
maior do que se pudesse ser”.
Levantamento nacional feito pelo Semesp, entidade que representa instituições de ensino superior privadas, aponta para a maior taxa de inadimplência dos alunos já tabulada.
A organização prevê que 11% dos acadêmicos terminem o ano com algum débito. Em 2019, esse percentual foi de 9,5%. Os dados foram divulgados no início deste mês e fazem parte da 3ª Pesquisa Cenário Econômico das Instituições de Ensino Superior Privadas.
O diagnóstico demonstra dois cenários: o aumento do desemprego e a redução na renda das famílias. A taxa de inadimplência em maio no país foi de 23,9%, número 51,7% maior do que o mesmo período do ano passado.
Evasão e demissões
Pelos dados da pesquisa do Semesp, a pandemia resultou em um aumento de 14,2% no abandono dos cursos. O diretor-executivo da organização, Rodrigo Capelato, esse índice é impulsionado por acadêmicos em início de curso. Os mais avançados não querem perder o semestre, diz.
Ainda assim, a previsão é que até o fim do ano, haja uma elevação de até 40% nas desistências. Em outra ponta, os aumentos nos débitos e nas desistências também traz desligamentos de professores e funcionários das universidades.
Com a perspectiva de aumento na evasão, há impacto sobre o orçamento e na ociosidade dos complexos. Como resultado, a tendência aponta para aumento no desemprego.
A pesquisa foi feita em 146 instituições de ensino superior do país, sendo 71% de pequeno e médio porte, com até oito mil alunos.
Univates concede descontos
O prazo para quitar as mensalidades foi alterado do dia 10 para 20 de cada mês. Aos acadêmicos que pagarem até o vencimento, o desconto chega a 20% neste mês, conta o reitor administrativo da Univates, Oto Moerschbaecher.
Segundo ele, enquanto as instituições gaúchas, em especial da Região Metropolitana, tiveram cancelamentos de matrículas e um alto índice de inadimplência, na universidade do Vale, a situação permaneceu nos patamares anteriores da pandemia. Isso, na avaliação dele, passou justamente pelas medidas de desconto e prazos, mas também pelo contato com os acadêmicos. “Tivemos 2% de aumento da inadimplência. Algo dentro do normal.
Ainda assim, teremos uma radiografia mais precisa no período de rematrícula deste mês.” Conforme Moerschbaecher, do total de quase 7 mil acadêmicos dos cursos presenciais, em torno de 5% tiveram alguma dificuldade para quitar as parcelas.
Nestes casos, a universidade fez uma análise caso a caso para criar condições diferenciadas para acerto dos débitos. “Metade desse percentual não foi necessário parcelamentos. Isso se deve a cultura regional de
honrar os compromissos”, acredita o reitor.
A Univates estabeleceu aulas virtuais nos mesmos horários previstos pelas disciplinas. O percentual de participação das atividades ficou em 98,6%. “A pandemia e as aulas distantes não foi motivo para
suspender os estudos.”