Universidades tentam reduzir inadimplência

Ensino superior

Universidades tentam reduzir inadimplência

Pesquisa nacional aponta que houve um crescimento de 51,7% no atraso das mensalidades. Na região, Univates estabelece descontos para manter acadêmicos e estima desistência abaixo da média de outras instituições de ensino

Universidades tentam reduzir inadimplência
Univates está desde 18 de março sem aulas presenciais. No mês passado, Estado liberou atividades em laboratórios, mas com limite de alunos
Brasil

Aulas virtuais, menos alunos e adaptação à nova realidade. A pandemia atinge as universidades e obriga estratégias para manterem as matrículas e o orçamento. Sem estimativa para o retorno das aulas presenciais, os desafios exigem gestão e contato permanente com os alunos.

De acordo com o presidente do Sindicato das Entidades Mantenedoras de Instituições Comunitárias de Educação Superior do RS, o pró-reitor de Administração da Univates, Oto Moerschbaecher, há um grande receio das universidade quanto a evasão dos acadêmicos neste ano.

Para ele, a pandemia ensina que as instituições precisam pensar soluções e se adaptar. Uma das formas é a implementação de modelos híbridos de ensino, dividindo algumas atividades presenciais e aulas virtuais. “Já havia um debate em curso sobre isso. Agora será um modelo. O que ficou para as instituições e que vinha se comentando que o modelo híbrido. De presencial e remota. Isso de fato será implementado em uma velocidade
maior do que se pudesse ser”.

Levantamento nacional feito pelo Semesp, entidade que representa instituições de ensino superior privadas, aponta para a maior taxa de inadimplência dos alunos já tabulada.

A organização prevê que 11% dos acadêmicos terminem o ano com algum débito. Em 2019, esse percentual foi de 9,5%. Os dados foram divulgados no início deste mês e fazem parte da 3ª Pesquisa Cenário Econômico das Instituições de Ensino Superior Privadas.

O diagnóstico demonstra dois cenários: o aumento do desemprego e a redução na renda das famílias. A taxa de inadimplência em maio no país foi de 23,9%, número 51,7% maior do que o mesmo período do ano passado.

Evasão e demissões
Pelos dados da pesquisa do Semesp, a pandemia resultou em um aumento de 14,2% no abandono dos cursos. O diretor-executivo da organização, Rodrigo Capelato, esse índice é impulsionado por acadêmicos em início de curso. Os mais avançados não querem perder o semestre, diz.

Ainda assim, a previsão é que até o fim do ano, haja uma elevação de até 40% nas desistências. Em outra ponta, os aumentos nos débitos e nas desistências também traz desligamentos de professores e funcionários das universidades.

Com a perspectiva de aumento na evasão, há impacto sobre o orçamento e na ociosidade dos complexos. Como resultado, a tendência aponta para aumento no desemprego.

A pesquisa foi feita em 146 instituições de ensino superior do país, sendo 71% de pequeno e médio porte, com até oito mil alunos.

Univates concede descontos
O prazo para quitar as mensalidades foi alterado do dia 10 para 20 de cada mês. Aos acadêmicos que pagarem até o vencimento, o desconto chega a 20% neste mês, conta o reitor administrativo da Univates, Oto Moerschbaecher.

Segundo ele, enquanto as instituições gaúchas, em especial da Região Metropolitana, tiveram cancelamentos de matrículas e um alto índice de inadimplência, na universidade do Vale, a situação permaneceu nos patamares anteriores da pandemia. Isso, na avaliação dele, passou justamente pelas medidas de desconto e prazos, mas também pelo contato com os acadêmicos. “Tivemos 2% de aumento da inadimplência. Algo dentro do normal.

Ainda assim, teremos uma radiografia mais precisa no período de rematrícula deste mês.” Conforme Moerschbaecher, do total de quase 7 mil acadêmicos dos cursos presenciais, em torno de 5% tiveram alguma dificuldade para quitar as parcelas.

Nestes casos, a universidade fez uma análise caso a caso para criar condições diferenciadas para acerto dos débitos. “Metade desse percentual não foi necessário parcelamentos. Isso se deve a cultura regional de
honrar os compromissos”, acredita o reitor.

A Univates estabeleceu aulas virtuais nos mesmos horários previstos pelas disciplinas. O percentual de participação das atividades ficou em 98,6%. “A pandemia e as aulas distantes não foi motivo para
suspender os estudos.”

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