Como iniciou a paixão pelo atletismo?
Jaque – A paixão despertou na escola. Estudei no Colégio Teutônia e eles tem um trabalho muito forte nas atividades extracurriculares. Fiz tudo que foi do meu alcance. Participei do Grêmio Estudantil, cantei em coral, participei do conjunto musical e pratiquei todas as modalidades esportivas. Logo a gente notou que tinha uma facilidade enorme no atletismo. Nunca me esqueço que na primeira prova quase fiquei em último, era uma prova de velocidade. Logo depois, participei em Ivoti de um torneio, disputando uma prova de 500m e venci. A partir dali despertou uma sensação muito boa em mim. Com o passar do tempo, a brincadeira começou a ficar séria e comecei a levar o esporte como profissão. Foi uma maneira que usei para me formar no ensino superior, conhecer outras pessoas e países.
Nessas inúmeras provas que você disputou. Qual a que não sai da tua memória?
Jaque – Essa do Pan-Americano foi especial. Um dia antes corri os 1,5mil metros e perdi a prova. Lembro de uma conversa com o Fabiano Peçanha, meu treinador e também meu namorado, ele foi bem duro comigo, falando que merecia ganhar, que era para me concentrar, dar o gás final. Ele falou de estratégias. No outro dia venci a prova de 800m ficando a frente da menina que havia ganhado os 1500 metros. Ela também é a principal adversária minha no Brasil. Essa vitória foi saborosa.
Você vivia uma fase muito boa até a lesão. O que ela atrapalhou no teu desenvolvimento?
Jaque – Infelizmente o atleta de alto nível está perto da lesão, pois treinamos muito intensamente. Na última temporada, quando estava há uma semana na Europa para uma turnê internacional, tive uma ruptura da face plantar de quase um centímetro. Foi muito duro de assimilar. Estávamos a um ano dos Jogos Olímpicos e vivendo o meu auge, podendo disputar contra as melhores atletas do mundo. Foi um momento duro, tivemos seis meses de recuperação, vinha em uma crescente legal e veio essa pandemia. Estou um ano sem competir. Meus treinamentos são adaptados para não perder muito ritmo de treinos. Acredito que se possível, por outubro e novembro, pretendo ir para a Europa treinar, lá aos poucos eles estão liberando as atividades. Talvez vamos ter que fazer um momento de competição fora para estar no nível dessas atletas internacionais.
Nesse período de pandemia, sem nenhuma prova prevista no continente. Como está sendo os teus treinamentos?
Jaque – Desde 2013, resido em Santa Cruz do Sul onde representava a Unisc agora represento a Associação Medalha de Ouro (AMO), que é de Santa Cruz do Sul. Estamos adaptando, fazendo treinamentos no interior e quando possível venho para a região de Teutônia, pois em Westfália tem uma pista aberta. Em Santa Cruz do Sul está tudo fechado. Não temos acesso. A gente esta fazendo muito treino no interior, onde podemos correr sem mascara. Treinamentos de força faço na academia e vamos adaptando do jeito que dá, não é a mesma coisa, mas conseguimos fazer algo para nos mantermos em atividade.
As olimpíadas ocorrem ano que vem. É possível vermos Jaqueline Weber nos jogos?
Jaque – Esse é meu objetivo. Para isso que vivo. O foco é para isso. Estamos estudando os melhores treinamentos e opções pensando na Olimpíada. A gente sabe que é difícil, pois venho de uma temporada de lesão, quando retorno entra a pandemia. Não sei como vou estar quando voltar a competir. Só a competição faz a gente evoluir. Objetivo existe, estou trabalhando para isso e vamos tentar chegar o mais próximo dessa realidade.
Como fazer para desenvolver ainda mais o atletismo?
Jaque – Acredito muito no atletismo associado a educação. Tudo que passa pela educação transforma ainda mais a pessoa. Vejo que um trabalho bem feito na base, aliando as escolas a nível municipal e estadual. Cito o trabalho que a Unisc faz muito bem, que é disponibilizar bolsa para os alunos poder seguir treinando e estudando. Quando a gente faz 18 e 19 anos, a gente pode seguir treinando, ele vai se desenvolver, conseguir resultados vai conseguir bolsa, patrocínio. Vejo no esporte universitário a peça chave para desenvolver todos os esportes. Falta descobrir e lapidar mais talentos.