Após anos de inoperância em áreas cruciais do nosso saneamento básico, em especial o tratamento de esgoto, a União deve abrir de vez o mercado para a iniciativa privada. Hoje já é permitida a atuação de empresas privadas neste segmento da economia. Porém, as estatais e demais empresas públicas têm maior garantia – e fatia – dos contratos, principalmente pela facilidade de “driblar” processos licitatórios. A partir de agora, a concorrência aumenta. E as metas, também.
Lembro bem a assinatura de renovação de contrato entre governo de Lajeado e a Corsan, em 2008. E lembro, também, a sequência de promessas – e consequentes capas de jornais – apresentadas por ambos os envolvidos. Um ano após a referida assinatura, e a companhia inaugurava uma pomposa Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) em Lajeado. Milhões de reais do contribuinte foram investidos na obra instalada na Av. Castelo Branco, próximo ao Fórum. A primeira em todo o Vale do Taquari em décadas de serviços prestados.
Em abril de 2012, o então diretor-presidente da Companhia Riograndense de Saneamento, Arnaldo Dutra, veio até Lajeado anunciar o início das obras de instalação da rede coletora de efluentes domésticos no bairro Florestal. Ao lado de diversos políticos locais, foram diversas fotos com os canos na mão. A partir dali, a Corsan picotou e recapeou ruas entre os bairros Florestal e Moinhos. As promessas eram de um aumento substancial nos índices de tratamento de efluentes domésticos na principal cidade do Vale do Taquari.
Novamente, capas de jornais anunciavam as boas intenções de quem é muito bem pago pelos contribuintes gaúchos. Para a surpresa de poucos, pouco avançamos. Além de um considerável atraso na obra da rede, poucas residências foram de fato interligadas aos novos canos. Cinco anos depois, em maio de 2017, noticiamos o óbvio. O gerente municipal da Corsan em Lajeado, Alexander Pacico, anunciou. “A estrutura recebe efluentes domésticos de 320 residências. É pouco mais de 10% da capacidade total, que supera três mil economias”.
Naquele mesmo mês de maio de 2017, Pacico anunciou também a intenção de ampliar o tratamento de esgoto na cidade. Segundo ele, a Corsan negociava a compra de uma área próxima ao Rio Taquari, entre os bairros Santo Antônio e Morro 25. O objetivo era construir uma nova ETE para atender todas as residências da cidade. O negócio girava em torno de R$ 60 milhões. Novamente, capas e capas para as promessas da companhia estadual. Três anos depois, e por ora, nada disso saiu do papel.
Estamos em julho de 2020, e o índice esgoto na principal cidade do Vale segue sendo uma infâmia. É uma ofensa à inteligência de todo o pagador de imposto minimamente ligado às questões de saúde pública. A única ETE atende menos de 10% da sua capacidade estrutural no Florestal e no Moinhos. E todos os demais bairros lajeadenses seguem desprovidos. É a comprovação de que algo precisa ser feito, mesmo após as promessas de Parcerias Público-Privadas (PPP). Certo ou errado, o Marco Regulatório vai mexer na zona de conforto.
Cota 27,39
O estudo do novo Plano Diretor de Lajeado aponta para a necessidade de uma Cota 29 em diversos pontos do bairro Carneiros, lindeiros ao Rio Taquari. O mesmo deve valer para algumas áreas próximas ao Rio Forqueta, atingindo bairros como o Universitário, Campestre e outros. Nos demais pontos, a cidade seguirá com a Cota 27 para novas edificações. O projeto de lei será votado em menos de quatro semanas – ao menos é o que se espera –, e certamente a enchente do dia nove de julho será duramente debatida no plenário. Afinal, são mais de 1,3 mil edificações abaixo da Cota 27. E o Rio Taquari chegou aos 27,39m…
Posto e covid-19
Em Estrela, opositores questionam os novos horários da Unidade Básica de Saúde (UBS) do bairro Boa União – 7h às 15h. Ocorre que o local é a referência para suspeitas de Covid-19 ou de pacientes com síndromes gripais. Os opositores também apontam aumento nas consultas junto ao Pronto Atendimento do hospital após a mudança de horários na UBS.
Vermelhou!
O Vale do Taquari voltou a ser punido com a temida bandeira vermelha no programa de distanciamento social do Governo Estadual. Desta vez, e diferente da sexta-feira da semana passada, quando a região ainda estava submersa, não teve jeito. O desafio é reverter a indigesta decisão ainda neste fim de semana. E as chances são grandes!