Mais de 300 imigrantes fora de casa

Desalojados pela cheia

Mais de 300 imigrantes fora de casa

Além de perder móveis e eletrodomésticos, muitos ficaram sem documentos e enfrentam dificuldades para encaminhar novos em meio à pandemia

Mais de 300 imigrantes fora de casa
Morador de Lajeado há dez anos, Jean Louis só conseguiu salvar documentos e a máquina de lavar
Vale do Taquari

Quando a água chegou, não deu tempo de resgatar muita coisa. “Não salvei nada, apenas os documentos e uma máquina de lavar. Hoje preciso de alimentos, móveis e meu fogão só funciona uma boca”, relata Jean Techenel Louis, 50 anos. “Luis”, como é conhecido, vive em Lajeado há mais de 10 anos.

Morador do “Cantão”, na área central da cidade, o haitiano foi um dos atingidos pela cheia do Taquari da semana passada. Na casa moram ele, a esposa, filhos e um primo. Todos ficaram abrigados na casa de conhecidos.
A enchente histórica deixou milhares de pessoas pessoas fora de casa em toda a região. Muitos perderam tudo o que tinham em suas residências. Entre os desalojados e desabrigados de Lajeado estão cerca de 200 imigrantes, principalmente senegaleses e haitianos.

Em Arroio do Meio, são pelo menos 50 pessoas afetadas diretamente. Em Encantado, a estimativa é de 25 famílias, entre dois e sete membros cada. No município, além de haitianos, há uma diversos dominicanos.
Os dados são do Fórum Permanente da Mobilidade Humana (FPMH), órgão que reúne diversas entidades e estudiosos dos processos de migração.

A entidade promoveu uma reunião virtual nessa quarta-feira para fazer o balanço dos prejuízos causados pela enchentes aos imigrantes e encaminhar soluções. Além de duas professoras da Univates, participaram do encontro organizações como Cáritas, CNBB e ONU Migrações.

Ainda fora de casa Funcionário do Centro de Referência em Assistência Social (Cras) responsável pelo acolhimento aos imigrantes, Simon Renel estima que, ao todo, 300 imigrantes tenham ficado fora de casa no município, mas parte conseguiu retornar. “Tem muitos que ainda não voltaram para suas casas porque só têm o básico, não têm cama, móveis, nada. Então, ainda estão desalojados.”

Ele avalia que há duas situações mais comuns. Muitos estavam trabalhando e, quando chegaram em casa, a água já havia invadido. Outros residem no segundo andar de casas e não acreditaram que a água chegaria tão alto.

Documentos e aluguel
Doutora em História e professora da Univates, Silvana Faleiro participou da reunião do FPMH.o encontro.
Ela afirma que os imigrantes enfrentam também dificuldade em relação aos aluguéis. Muitos tiveram de deixar as casas onde moravam e não conseguem encontrar fiadores ou arcar com uma parcela maior na entrada.
“Está bem complicado para os brasileiros, mas eles têm algumas peculiaridades que dificultam ainda mais”, avalia Silvana.

 

Acompanhe
nossas
redes sociais