Residências com risco de desmoronar, ruas bloqueadas e até pontos turísticos destruídos. A enchente de 27,39 metros registrada na semana passada causou uma série de desmoronamentos e acelerou, ainda mais, o processo natural de erosão às margens do rio Taquari.
Em Lajeado, foram registrados desbarrancamentos em 14 pontos situados em áreas públicas. A margem deverá ser recuperada com a colocação de grandes pedras e camadas de terras nas encostas até que o barranco alcance a altura normal.
Num segundo momento, será feita a reposição da vegetação da mata ciliar, destaca o titular da Coordenadoria de Projetos Especiais, Isidoro Fornari Neto. O prefeito Marcelo Caumo deverá ir a Brasília buscar recursos para esse trabalho de reestruturação das margens do rio.
Em Arroio do Meio, a enchente histórica fez ressurgir a preocupação com habitações localizadas na rua Campos Sales. Em 2011, foram registrados primeiros deslizamentos. Quatro anos depois, um desbarrancamento maior fez a administração municipal estudar a desapropriação de casa em trecho da rua – medida não aceita pelos moradores.
Nessa semana, o ponto entre os fundos da Brigada Militar (BM) e a estação da Corsan foi bloqueado para o trânsito. “O município está dando suporte as famílias e ainda estamos estudando o que fazer no local”, informa o coordenador de Planejamento, Enéias Bruxel.
Na Rua dos Marinheiros, em Estrela, foi registrado a interdição de casas devido ao desbarrancamento. As famílias prejudicadas recebem auxílio do aluguel social.
Ainda se estuda o que será feito no local, entretanto a coordenadora de Habitação, Daiana Ávila cita possibilidade de desapropriação das casas, inscrição das famílias em uma etapa futura projeto habitacional do município e reflorestamento das margens do rio.
“Rio não é estático”
O processo erosivo e de acúmulo de materiais nas margens dos rios é um processo natural, afirma o pesquisador e mestre em geologia, Everaldo Ferreira. A alteração causadas pela água no solo ocorre em processos lentos, mas acaba sendo evidenciado em momentos de cheia.
“O rio não é estático. Sempre digo que ele serpenteia as margens e irá alterá-las com o passar dos anos”, relata o geólogo. Conforme o estudioso, pontos que já desbarrancaram tendem a registrar reincidência do problema no futuro.
Medidas estruturais podem ser adotadas para desacelerar esse processo. Entre elas, a construção de muros de arrimo (gabião) ou obras de bioengenharia como a compressão das margens com troncos e vegetação.
Ferreira cita também medidas não estruturais como a proibição de construção próximo às águas, deixando as margens para o rio. “A melhor solução depende da área erodida. Há pontos em que o reflorestamento basta. Outros é melhor a desocupação”, exemplifica Ferreira. Conforme ele, estudos técnicos são necessários para identificar a melhor estratégia.