Painel aborda articulação regional como estratégia contra cheias

Debates A Hora

Painel aborda articulação regional como estratégia contra cheias

Em debate na Rádio A Hora 102.9, participantes pesaram acertos e erros após a passagem da quarta maior inundação já vivida pelo Vale do Taquari. Episódio da semana passada desafia autoridades públicas, entidades civis e sociedade na busca por soluções para evitar novas perdas no futuro

Painel aborda articulação regional como estratégia contra cheias
Participantes do "Debates A Hora" desta semana frisaram importância de melhor articulação entre municípios para minimizar perdas em enchentes. Foto: Fábio Kuhn
Vale do Taquari

Passada a primeira semana da cheia em que o Rio Taquari superou os 27 metros, municípios contabilizam os prejuízos. Em um apontamento inicial, estimativas apontam para no mínimo R$ 100 milhões em perdas.

Frente ao cenário de catástrofe natural, o Grupo A Hora promoveu a terceira edição dos debates do projeto Política Cidadã. O programa teve a participação do presidente da Associação dos Municípios do Vale do Taquari (Amvat) e prefeito de Imigrante, Celso Kaplan, da presidente do Conselho Regional de Desenvolvimento (Codevat), Cintia Agostini, do engenheiro agrícola e especialista em Planejamento Energético Ambiental, Júlio Salecker, e do mestre em Geologia, Everaldo Ferreira.

A atração semanal foi transmitida ao vivo pela Rádio A Hora 102,9. Até as eleições, em toda a quarta-feira, ocorrerá um debate sobre temas ligados à política e à cidadania. Os Debates A Hora – Política Cidadã tem patrocínio da Docile, Indufrio, Mak Serviços, Metalúrgica Hassmann, A Mobília e Compacta.

Monitoramento, previsão e treinamento

O debate foi aberto pelo diretor-geral do Grupo A Hora, Adair Weiss, que abordou o a necessidade de mais sistemas de monitoramento sobre a bacia hidrográfica Taquari\Antas, da qualificação das defesas civis municipais, como aspectos base que desnudaram a fragilidade das gestões públicas em alertar com antecedência o acontecimento de novas enchentes.

Estes três aspectos devem ser somados a capacidade de medir o impacto das chuvas no manancial hídrico da região, afirma o mestre em geologia, Everaldo Ferreira. De acordo com ele, a região já teve mais de um sistema de monitoramento.

Sem investimento, iniciativas param

Relembrou que em 2003 uma primeira estrutura feita pela Univates, com recursos federais, foi instalada para verificar a capacidade de navegação. Eram 15 aparelhos em diversos rios e arroios do Vale. Era possível calcular o volume de chuva, o aumento no nível da água e estabelecer uma previsão das cotas de cheias.
Funcionou até 2008 e por falta de recursos públicos, se tornou inviável para a universidade manter.

Outro modelo foi instalado anos depois. Por meio de recursos da Consulta Popular. O sistema foi aplicado de 2012 a 2015. “Pelo mesmo motivo foi interrompido. Não conseguimos parcerias para continuar”, relembrou a presidente do Codevat, Cintia Agostini.

Na avaliação dela, os dois sistemas anteriores pareciam ser efetivos. “Eles nos mostraram que é possível ser mais eficiente, pois minimizamos impactos, o que não foi possível nessa última cheia.”

Funil da parte baixa

O engenheiro agrícola Júlio Salecker é o vice-presidente do Comitê Hidrográfico da Bacia Taquari\Antas. Participa da elaboração do plano da bacia faz mais de dez anos. Pelo documento, afirmou que há um diagnóstico sobre as peculiaridades das enchentes no Vale do Taquari.

O manancial dessa bacia contempla mais de 120 cidades, o que equivale a 11% da área do RS. A água que desce da Serra gaúcha deságua no Vale, atingindo Arroio do Meio, Estrela, Lajeado. É como se fosse um funil, disse.
Apesar das falhas no monitoramento, devido a problema nos equipamentos do CPRM, Salecker advertiu: “não adianta agora querer rasgar o acordo. Nos temos um sistema muito bem estruturado.”

Para ele é preciso reforçar esse sistema. “Abrir mais pontos, colocar dinheiro e não recomeçar do zero. São apenas 16 rios do país com esse modelo”, afirmou.

Necessidade de qualificação

O prefeito de Imigrante e presidente da Amvat, Celso Kaplan, enalteceu o trabalho da Defesa Civil e a solidariedade da comunidade regional. “Não faltou cobertores, roupas e alimentos.” Por outro lado, defende uma ação contínua de todas as organizações regionais para profissionalizar os servidores que trabalham em desastres naturais, em especial nos municípios de pequeno porte.

Na avaliação dele, a temática sobre alertas e monitoramento das cheias deve ser um tema prioritário nas agendas dos prefeitos.

Acompanhe
nossas
redes sociais