Não há motivos para comemorar. As autoridades responsáveis pela segurança da nossa comunidade falharam e muito. Definitivamente, estamos à mercê das águas. E da sorte. Dezenas de pessoas passaram noites em claro aguardando um resgate que nunca chegou. Outros tantos foram resgatados no limite físico e psicológico, beirando a hipotermia, sobre telhados ou dentro de sótãos. Falhamos, sim, e é momento de realizar uma verdadeira e profunda autocrítica em relação ao nosso modelo de enfrentamento das cheias.
Ao fim de tudo, saiu barato. Baratíssimo. O cenário em que muitas pessoas lutaram pela vida em meio à cheia, e que ressurgiu à tona após as águas baixarem, é a prova da nossa falta de juízo. Inadmissível que tantas pessoas tenham passado por esse risco iminente de morte em pleno século 21. Com toda a tecnologia disponível Brasil e mundo afora, e com tantas formas artesanais e manuais de medir e antecipar a velocidade e o tamanho das cheias, o nosso vale sofreu um verdadeiro “7×1” do Rio Taquari. E saiu barato!
Coronavírus, enchente, leptospirose…
O infectologista do Hospital Bruno Born (HBB) de Lajeado, Guilherme de Campos Domingues, deu a letra. Em entrevista à Rádio A Hora nessa semana, ele destacou a preocupação com a contaminação da covid-19 na região e fez um novo alerta: as inundações tendem a aumentar casos de leptospirose. Para isso, basta contato de água contaminada com a pele. Ironicamente, os sintomas são muito semelhantes ao novo coronavírus. Segundo ele, a doença tem como principais sintomas a febre, dores musculares, náuseas e falta de apetite. Os primeiros sinais são detectados entre dois e 14 dias. “É parecido com a covid-19. Será um desafio”, prevê.
Pro_Move Lajeado!
É momento das cabeças pensantes do movimento Pro_Move trabalharem formas inovadoras para ao menos amenizar os riscos e prejuízos das cheias do Rio Taquari. Hoje, a tão sonhada “Rota da Inovação” está em pedaços. Entre os bairros Carneiros e Hidráulica, a Rua Bento Rosa literalmente desmoronou em alguns pontos cruciais, e dificilmente será recuperada em determinados trechos, e toda e qualquer novo empreendimento desde já fica comprometido. Da mesma forma, pontos na Rua Osvaldo Aranha, no Centro Antigo, também estão a perigo. Será preciso rever muitas ações a partir dessa enchente que ultrapassou a “segura” cota 27.
Justiça e diárias em Estrela
Na Câmara de Estrela, o vereador Norberto Fell (Cidadania) ainda não recebeu todas as informações solicitadas ao Executivo, e referentes às diárias direcionadas ao Secretário da Fazenda Henrique Lagemann (PSDB). O caso já teve forte repercussão no município, e chegou ao Ministério Público. E tudo surgiu após o 39ª Congresso dos Municípios, promovido pela Famurs em Bento Gonçalves, entre os dias 3 e 5 de julho do ano passado.
Lagemann solicitou diárias para o evento, mas acabou desistindo de participar de parte do congresso, em função da doença de um familiar. Ele já devolveu os recursos. Mesmo assim, opositores cobram uma investigação maior. E, diante da falta de informações por parte do Governo Municipal, o caso foi repassado para a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara de Vereadores. A cobrança vai ficar mais pesada. E o prefeito precisa responder!
A armadilha do veto!
O veto é uma arma poderosa. O prefeito, se assim decidir, pode vetar um projeto de lei aprovado e criado pelos vereadores. Mas essa arma também pode ter um sentido inverso. Ela pode ser utilizada de forma maquiavélica. Para tal, basta a criação de projetos inconstitucionais ou sem razão de existir, e que servem tão somente para saciar o apelo de eleitores menos politizados. Essas matérias, protocoladas pelos opositores, costumam ser vetadas pelos gestores públicos, causando um desgaste junto à comunidade. Abra o olho!