A covid-19 obrigou as pessoas a pensarem “fora da caixa”, principalmente no setor da saúde, um dos mais atingidos pela pandemia. O uso da tecnologia, que antes era repelido por muitos profissionais da área, tornou-se aliado no tratamento dos pacientes e intensificou o debate sobre seu aproveitamento. Baseado nisso, o painel Conversa Franca, realizado no dia 08, trouxe especialistas para discutir sobre as inovações tecnológicas e como elas podem ser aplicadas no dia a dia dos profissionais da saúde.
Mediado pelo médico oncologista do Centro Regional de Oncologia (CRON), Hugo Schünemann, o painel teve a participação da diretora de inovação e sustentabilidade da Univates, Simone Stülp, e da diretora do Idealiza Tools & Methods, Caroline Bücker. As profissionais destacaram que, mesmo diante das dificuldades, evoluções importantes são vistas no setor da saúde, principalmente no que diz respeito ao esforço coletivo da área médica e tecnológica para encontrar soluções rápidas e eficazes a todos.
“Nós ainda temos a questão saúde atrelada à doença, mas ela está relacionada ao bem-estar e a forma como estamos conectados nos diferentes pontos da vida”, destaca Simone. Para a diretora de inovação, é importante que as pessoas entendam que os acontecimentos do mundo estão conectados entre si e ao bem-estar de cada ser. “Quando a gente olha a pandemia, o nascedouro desse problema, provavelmente, são questões sanitárias… Isso mostra o quanto cada parte é importante para o bem do todo”.
Outro ponto destacado no debate foi a depreciação do setor tecnológico e científico no Brasil. Para as profissionais, o momento comprova a importância de valorizar o estudo nestas áreas a fim de não nos tornarmos dependentes de outros países para solucionar problemas simples, como ausência de equipamento de proteção individual (EPI), e medicamentos.
“Lajeado é uma cidade que conseguiu vencer os desafios porque estava em um ecossistema no qual os diversos setores já estavam conversando. Isso faz diferença”, afirma Caroline. Para ela, a pandemia está atrelada muito ao desenvolvimento da área da saúde, mas também mostra o quanto outros setores, como educação e saneamento básico precisam melhorar. “Está difícil olhar para tanta coisa de uma vez só e estamos precisando amadurecer rápido. É um despertar forçado e coletivo”.
Eficácia da telemedicina
Durante a pandemia, uma das maiores mudanças para o setor da saúde foi a adesão da telemedicina, devido ao afastamento social. A modalidade utiliza tecnologias de informação e comunicação para auxiliar pacientes e profissionais da saúde que estão situados em locais distantes. Em alguns casos, pode inclusive agregar qualidade e velocidade nos atendimentos.
Para Caroline, ainda que muitos profissionais da saúde prefiram o contato pessoal para realizar consultas, é preciso analisar que graças a telemedicina muitas pessoas que não têm condições ou acesso a postos e hospitais, agora podem realizar atendimento. “A modalidade não vai substituir o contato, mas oportuniza que pessoas desassistidas possam ser cuidadas”.
Simone analisa que o momento deu um empurrão para o país abrir os olhos e não ter medo de investir em tecnologias que outros países já utilizam em suas rotinas. “O digital jamais substituirá o contato humano. Eu enxergo muito a ferramenta tecnológica como um auxiliar das rotinas médicas”.
O Conversa Franca é um painel mensal realizado pelo CRON, com apoio do Grupo A Hora. O projeto visa debater temas relevantes na área da saúde e comunidade. O debate completo pode ser conferido acessando o QR Code desta página.