Com o nível do Rio Taquari nos 27 metros, mais de mil edificações (com ou sem moradores) podem ser atingidas pelas águas. Essa é a constatação de um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) da engenheira ambiental Sofia Moraes.
Em 2015, a então estudante da Univates realizou o mapeamento e análise das áreas urbanas suscetíveis ao Rio Taquari, em Lajeado. Conforme Sofia, foram analisados dados desde 1940. Em todo esse período, apenas quatro vezes o rio ultrapassou a marca dos 27 metros.
Última delas foi em 1954. “As novas gerações nunca viram uma cheia acima de 27 metros”, afirmou hoje em entrevista ao Programa Frente e Verso, na Rádio A Hora 102.9.
À 1h, a enchente em Lajeado registrou 27,39 metros.
Impactos da cheia
Se aproximar dos rios foi marca da colonização em Lajeado, destaca Sofia. A escolha no passado ocorreu para facilitar a captação de água e pelo fato do rio ser um dos principais modais viários na época.
Para Sofia, o estudo é importante pois a situação mudou e permitiu a retirada de famílias das regiões ribeirinhas para diminuir o impacto das cheias, que são um processo natural do Rio Taquari.
Segundo o monitoramento de Sofia, os problemas de alagamento em edificações iniciam quando o rio está com 19 metros – são 14 imóveis impactados. Aos 21 metros, o número já aumenta para 98 edificações. Com 22 metros, são 187 casas.
O número de edificações atingidas dão um salto para 545 quando o Taquari chega aos 24 metros. Com 25 metros, são 781 edificações e mais de mil com 27 metros.
Conforme pesquisas de Sofia, uma das maiores enchentes de Lajeado ocorreu em 1941, quando o nível do Rio Taquari chegou aos 28 metros.
O mapeamento feito por Sofia não identificou se as edificações alagadas eram comerciais, de famílias ou se estavam desocupadas. Para ela, esse seria um avanço no estudo que poderia auxiliar em momentos de cheia.
O estudo de Sofia foi premiado como melhor trabalho da Área 4 – Recursos hídricos e águas residuárias no 6º Congresso Internacional de Tecnologia para o Meio Ambiente (Fiema). Recentemente, o grupo que elaborava o plano diretor também utilizou o estudo para avaliar o nível de segurança nas áreas que margeiam o rio.
Mais dados sobre enchentes
Para Sofia, um dos avanços detectados de 1980 até 2015 foi na coleta de dados e instrumentalização das defesas civis para prever os impactos da cheia. Como Lajeado está na parte baixa da Bacia Hidrográfica do Rio Taquari-Antas, Sofia destaca a importância ainda maior desse monitoramento. “Tendemos a sofrer mais com as inundações”, afirma.
Na avaliação de Sofia, ainda seria necessário mais pontos de monitoramento ao redor da Bacia Taquari-Antas e monitoramento de outros arroios ou rios que também impactam nas cheias do Taquari.