E quando formos bandeira preta?

Opinião

Adair Weiss

Adair Weiss

Diretor Executivo do Grupo A Hora

Coluna com visão empreendedora, de posicionamento e questionadora sobre as esferas públicas e privadas.

E quando formos bandeira preta?

Lajeado

Tenho lido, escutado e visto críticas ao governador do Estado, Eduardo Leite, pelos seus apelos ao povo gaúcho na prevenção ao coronavírus. O governador tem os números e sabe da importância do distanciamento social.
Evitar aglomerações, usar máscaras e seguir os protocolos de higiene são as formas mais eficazes de combate. Cooperar para evitar uma bandeira preta logo adiante é o melhor a fazermos. Xingar o governador por querer esta colaboração beira a negação, para dizer o mínimo.

O comércio já “pagou o pato”. Se continuarmos tentando achar “pelo em ovo”, vamos colocar em xeque o cenário favorável que alcançamos até aqui. Afinal, sobram exemplos pelo mundo e Brasil afora que nos alertam sobre a doença traiçoeira e incerta.

Meu contraponto ao governo do estado tem outra direção. Penso faltar ao governo uma estratégia sensata e concreta de reestruturação tributária no RS. A perda de mais uma empresa para Santa Catarina não combina com o discurso de Eduardo Leite – em cujo histórico político sempre defendeu o empreendedorismo.

Leite foi eleito pelos gaúchos como contraponto ao ex-governador José Ivo Sartori, que vivia se queixando da falta de dinheiro. O MDB, partido de Sartori, fisiológico e um tanto adepto do clientelismo, pouco conseguiu no aspecto da desburocratização e enxugamento da máquina pública.

O atual governador prometeu mudar isso. Mas falha em uma ação pontual para reverter o quadro arcaico ao qual os gaúchos estão submetidos faz décadas.

A pandemia surpreendeu, mas não pode ser desculpa para atrasar as reformas estruturantes, como é a revisão tributária. Pelo contrário, serve de argumento legítimo para acelerar a reforma. Afinal, a falta dela, deixa o estado cada vez menos competitivo e pouco atraente aos olhos dos empreendedores.

Isso, somado a uma máquina pública pesada – onde 11 milhões de gaúchos trabalham para pagar 1 milhão de funcionários públicos ativos e inativos – é a tranca do desenvolvimento econômico e social.

Espero do governador Eduardo Leite a mesma firmeza, habilidade e sensatez despendidos ao combate à covid, no enfrentamento da reforma tributária, vital para o desenvolvimento econômico e social. Ficar muito em cima da retórica da covid, tende a gerar margem para interpretações.

Ainda que o assunto seja de extrema importância, outros temas estruturantes urgem para conduzir o Rio Grande à bandeira do desenvolvimento. Do contrário, a coisa pode ficar preta muito além do coronavírus.
Afinal, a vida dos gaúchos não se resume ao coronavírus. Tem muita coisa pendente e exigindo respostas. Está na hora de enfrentar as “outras pandemias”.

Aos gaúchos cabe cooperar no combate à covid. E ao governador cabem ações concretas em relação aos problemas que prometeu resolver em campanha eleitoral.

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