Uma equipe do Hospital Bruno Born (HBB), de Lajeado, liderada pelo cirurgião de mão Giuseppe De Luca Júnior, realizou, no dia 22, uma cirurgia incomum: o reimplante de um polegar.
O procedimento começou às 13h, com a anestesia, e só foi concluído às 20h30min. O paciente, um homem de 52 anos, de Lajeado, já recebeu alta e recupera-se com sucesso.
De acordo com o médico, que também atua nas áreas de ortopedia e traumatologia, o paciente sofreu um acidente com serra circular às 9h. Às 10h, foi atendido na Emergência do HBB, passando para o Bloco Cirúrgico às 12h30min. Foram envolvidos médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem, além de alunos da Univates, equipes do Centro Cirúrgico (anestesistas, enfermeiras, técnico de enfermagem e instrumentadora.
“Por ser um procedimento de alta complexidade, foi necessária a utilização de microscópio de alta resolução, fios de sutura 9.0 e 10.0 (mais finos que fio de cabelo) e pinças especiais de microcirurgia”, explica Giuseppe Júnior.
Conforme o médico, lesões com serra geram perda de pele, veias, artérias, nervos e tendões. “São as piores para reimplantes. Lesões por facas, por exemplo, são as ‘melhores’ para reimplantes”, detalha.
Em procedimentos desta natureza, o risco de perda do dedo e de insucesso é muito alto nas primeiras 72 horas. Com o passar dos dias, o risco diminui. “Só podem ser realizados em hospitais de alta complexidade, por cirurgião de mão ou microcirurgião, desde que com as devidas condições. O HBB conta com microscópio de alta resolução (no HBB temos um dos melhores, da marca Zeiss, e fios de sutura especiais).”
Conforme o médico Giuseppe De Luca Júnior, a decisão por reimplantar um dedo, uma mão ou um membro, ou não investir e apenas regularizar o ferimento, depende de fatores técnicos: “Tipo de corte, acondicionamento adequado do coto de amputação, tempo adequado desde a lesão até centro cirúrgico, atendimento adequado na emergência, hospital capacitado, além da vontade do paciente em realizá-lo, sabendo que o procedimento sempre é uma tentativa de salvamento, mas que pode não ter sucesso”.
Há dois anos foi realizada uma cirurgia tecnicamente semelhante no HBB: uma reimplantação de punho.
Acondicionamento
O reimplante foi possível em parte pela conservação do dedo após o acidente: foi guardado em soro fisiológico, resfriado, mas sem contato do gelo diretamente com o dedo amputado (o que prejudicaria a reutilização do membro).
Recuperação
As funções de funcionamento serão determinadas entre seis e oito meses, e não é descartada a necessidade de novas cirurgias.
Equipe
Integraram a equipe liderada pelo cirurgião os anestesistas Lucas Lazaretti, André Ronchi, Paulo Henrique Ely e Rodrigo Ghinato Daoud; além do Coordenador Médico da Emergência do HBB, o médico André Weber, e da coordenadora de Enfermagem Rosa Lemos.