“Não é preciso uma pandemia para desenvolver o lado solidário”
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ABRE ASPAS

“Não é preciso uma pandemia para desenvolver o lado solidário”

Professora faz 26 anos, Lisiane Anita Scartezini, de Encantado, não tem somente o dom de ensinar. Ela tem empatia ao próximo. Seguindo um legado de família, busca “fazer o bem sem olhar a quem”. Envolvida em ações sociais, diz não saber viver sem essa causa.

“Não é preciso uma pandemia para desenvolver o lado solidário”
Encantado

• Tu és muito envolvida em diversas ações sociais. O que te move?

Acredito que tem relação com a minha família. Eu fui criada no interior pela família da minha mãe e lá sempre foi usada a cultura do dividir, do ajudar, então o pensar no próximo iniciou na infância. Mas quando eu comecei a dar aula no estado em 1994, me deparei com algumas situações que acabou desenvolvendo este meu lado solidário, emotivo e de empatia. O que mais me move a ser assim, é olhar as pessoas com os olhos do coração. É saber que eu já precisei em algum momento da minha vida em função de um problema de saúde, e da mesma forma posso estar auxiliando alguém que está passando por uma situação difícil. É fazer ao próximo o que eu gostaria que fizessem a mim, ou a minha família.

• Qual foi a última ação em que participou e quem foram os beneficiados?

Foram 4 ações que aconteceram juntas, na última semana. Na primeira através de uma campanha arrecadamos roupas de inverno, roupas de cama e móveis para casa, os quais foram doados a uma família em vulnerabilidade social. Na segunda, nós arrecadamos roupas de inverno, brinquedos e frutas, que foram destinadas a Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre. A terceira, nós enviamos para o Projeto Corrente do Bem/RS, roupas adultas e infantis para suprir a necessidade de asilos e creches. E ontem um doador anônimo me procurou para entregar uma cesta básica a uma família que está passando por dificuldades em função da pandemia. É tudo de forma bem organizada, faço foto na hora da entrega e depois mando para os doadores.

• Acredita que em meio à pandemia as pessoas estão mais solidárias?

Quem é bom, doa e ajuda, faz isso sempre. Não é preciso uma pandemia para desenvolver nas pessoas o lado solidário. Eu faço isso há mais de 26 anos e não sei viver sem. Ajudar o próximo, ter um convívio harmonioso em família e ser professora são meus ideais.

• Além de ajudar, você também ensina?

Eu sou alfabetizadora no Presídio Estadual de Encantado, desde 2012, na parte da manhã. Me enche de orgulho fazer parte da vida e da história dos detentos, os quais eu chamo de “reeducandos”. O que fizeram ou não fizeram para estar neste meio, a mim não importa, eu procuro sempre pensar quando estou lá dentro: E se fosse com alguém da minha família, como eu gostaria que fosse tratado? E te garanto, a satisfação de ver um aluno com quase 50 anos que nunca conheceu o alfabeto, aprender a ler e escrever é algo que não tenho como definir. Me emociona, porque muitos criticam. Trabalhar no Presídio é uma satisfação profissional muito grande, busco fazer a diferença na vida dos reeducandos. Na parte da tarde, atuo na Escola Farrapos como orientadora educacional. Um ambiente agradável e com a participação ativa da direção e dos pais. Professores engajados na causa de fazer a diferença na educação do município e na vida dos alunos.

• Qual o legado busca deixar aos alunos?

A semente do bem, ser honesto, ter caráter e olhar o próximo com os olhos do coração. Acho que se as crianças e os adultos que passarem por mim tiverem isso na consciência e no coração, vamos conseguir transformar o mundo em que vivemos, porque eu ainda acredito que só o amor é capaz de fazer isso. Eu acredito muito no que eu faço e no que quero deixar ao próximo, “fazer o bem sem olhar a quem”, essa é minha missão aqui. Eu não pude ser mãe de barriga, então eu acho que este “não poder ser mãe” desenvolveu em mim a solidariedade e o amor ao próximo.

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