Taxistas da região tentam superar as adversidades geradas pelo coronavírus. O setor já vinha em dificuldades desde a popularização dos aplicativos de transporte. Com a falta de passageiros, um dos serviços mais tradicionais para o deslocamento individual tem ficado no prejuízo.
É o que afirma o taxista Rui Alberto Locatelli, 55, que trabalha no ramo há mais de 15 anos e atualmente tem o ponto ao lado da Rodoviária Lajeado. “No final de março o movimento caiu 90%. As linhas de ônibus foram cortadas, o comércio fechou e as pessoas não circularam mais”, relata.
Na rodoviária, por exemplo, onde o movimento costuma ser mais intenso, hoje motoristas fazem de cinco a seis corridas em uma jornada de doze horas, quando o normal era 15 corridas em um tempo de serviço menor. “O que me salvou foram as viagens para cidades mais distantes, como Soledade, Encantado, Dois Lajeados e Venâncio Aires”, diz Locatelli.
Ainda ontem, na estação rodoviária, doze taxistas formavam fila na rua Germano Noll e Avenida Presidente Castelo Branco. O número de veículos reduziu pela metade. São apenas seis veículos para que todos tenham a oportunidade de transportar as pessoas.
Em meio à pandemia, Locatelli também percebe a mudança de comportamento nos passageiros e também nos demais colegas de profissão, que adotaram medidas de segurança contra a propagação do vírus. “Todos os veículos possuem álcool gel, o uso de máscaras é obrigatório e 90% das pessoas sentam no banco de trás”, descreve.
Estratégias para retomada
Com menos pessoas circulando nas ruas, a categoria foi atingida em cheio. Para o representante administrativo do Sindicato dos Taxistas Autônomos de Lajeado (STAL), Cesar Dammann, 57, as consequências desta pandemia serão irreversíveis.
Ele comenta que antes mesmo da crise, a classe já protestava a perda de passageiros para os aplicativos e agora os números apontam para uma redução de 50% no número de corridas, principalmente em Lajeado.
Para contornar a queda no faturamento, Dammann conta que muitos taxistas recorreram ao Auxilio Emergencial de R$ 600 pago pelo Governo Federal. Já o fato de que 30% dos motoristas estarem no grupo de risco justifica oa redução de táxis pela cidade. “Muitos optaram por se afastar, seguindo assim as orientações médicas”, diz.
Para driblar a crise, considerada a pior da história, e impulsionar o setor, Dammann acredita na reinvenção dos profissionais. “Oferecer um bom atendimento e reduzir os preços para competir com os aplicativos são alternativas”. Atualmente Lajeado conta com 61 taxistas.
Projeto no Congresso
Projetos para auxiliar o setor do transporte individual tramitam no Congresso Federal.
Um dos textos apresentados é do senador Jader Barbalho (MDB-PA). A proposta prevê benefícios aos profissionais autônomos do transporte de passageiros, durante a vigência do estado de calamidade pública.
O profissional teria direito à suspensão por seis meses do pagamento das prestações de financiamento do veículo, sem risco de apreensão por inadimplência. Após, o pagamento dessas parcelas seria negociado em seis parcelas sucessivas e iguais, e sem acréscimo de juros e multa.