Os municípios do Vale do Taquari, em especial Lajeado, comemoram a desaceleração no número de contágios pela covid-19. Na semana em que o uso das Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) exclusivos à doença caiu para próximo dos 23%, o comitê de crises estima que o pior momento do novo coronavírus tenha passado.
Do cenário de tranquilidade para um novo surto são poucos dias, alerta o presidente do Sindicato dos Hospitais da região, Fernando da Gama. Essa preocupação se acentua com a chegada do inverno, quando há maior procura por atendimento nos hospitais e elevação dos casos de internação por outras síndromes respiratórias.
“Importante é que a comunidade não relaxe agora. Precisamos manter o patamar em que estamos e para isso, é preciso continuar cumprindo os protocolos de saúde, usando máscara e respeitando o distanciamento social”, afirma da Gama.
O inverno começa neste sábado e pela previsão, serão no mínimo três ondas de frio intenso. A estimativa à estação é de variação das temperaturas e por chuvas mais frequentes.
Pela análise meteorológica, as ondas de mais frio começam em julho e vão até agosto, com períodos espaçados entre condições de temperaturas baixas e períodos de mais calor.
Como no próximo mês. Há previsão de que o estado tenha temperaturas mínimas abaixo de zero. Por outro lado, o fim deste mês pode ter dias de calor, com máximas de 27ºC. Essa variação é prejudicial para pessoas que sofrem de doenças respiratórias crônicas, como bronquites, asma, rinite e sinusite.
Covid se disseminou durante o inverno chinês
Pela análise técnica de integrantes do comitê de contingenciamento, a experiência mundial com a pandemia deixa claro que o vírus se adapta melhor ao frio. Quando começou em dezembro do ano passado em Wuhan, na China, era inverno.
A disseminação pela Europa, nos meses subsequentes foi entre metade e fim da mesma estação. No hemisfério sul, a estação chega agora e traz consigo o alerta de que o sul do Brasil pode sofrer com um pico de contágio no período.
Por essa hipótese, o governo do Estado, junto com instituições de saúde e municípios tem como estratégia permanecer com as medidas para ampliar o número de leitos hospitalares, tanto regulares quanto de UTIs.
Desde o início da pandemia, havia como estratégia elevar em 60% o número de vagas nos hospitais para esses atendimentos. Antes da pandemia, o Estado tinha 933 leitos de UTI Adulto SUS. Até agora, já foram habilitados mais 624 – um aumento de 66,8%, somando 1.557 unidades de terapia intensiva. “Essa ampliação tem o objetivo de evitar um colapso no sistema público de saúde e impedir que pessoas morram sem chance de serem atendidas, como, infelizmente, vem ocorrendo em outros locais”, afirmou o governador Eduardo Leite durante transmissão nessa sexta-feira.
Perspectivas pelo país
Nesta semana, a Organização Mundial de Saúde (OMS) afirmou que o Brasil passa por uma desaceleração no número de contágios. Ainda assim, o cenário inspira cuidados, pois a média de mortes por dia permanece alta, perto dos mil óbitos.
Pelos dados oficiais, há um indicativo de que o cenário de queda ou ascensão dos casos muda conforme a região, com perspectiva de mais contágios no Sul e no Centro-Oeste. O diretor-executivo da OMS, Michael Ryan, em pronunciamento nesta semana, observou que ao longo das últimas três semanas houve menor circulação do vírus no país. Ainda assim, afirmou que o momento é de redobrar a cautela, pois outros países tiveram estabilização e em seguida um rápido aumento dos contágios.
Pelos dados atuais, o Brasil está entre os epicentros da pandemia no mundo. É o segundo país com maior número total de mortes.