Parece palavra de ordem, mas a empatia deve estar mesmo nas primeiras linhas de pesquisa do Google nesse momento de transição pelo qual estamos passando. A partir da etimologia da palavra, temos: Colocar-se no lugar do outro. Sentir a dor do próximo. Adotar a perspectiva de alguém. Carl Rogers, psicólogo e fundador da Abordagem Centrada na Pessoa, descreveu o impacto da empatia em quem a recebe: “Quando […] alguém realmente o escuta sem julgá-lo, sem tentar assumir a responsabilidade por você, sem tentar moldá-lo, é muito bom. […] Quando sinto que fui ouvido e escutado, consigo perceber meu mundo de uma maneira nova e ir em frente.” Em tese parece fácil descrever em conceitos e concepções o que é a empatia. Entretanto, como de fato se revela tal construto na vida cotidiana das pessoas num mundo tão necessitado dela?
Uma das necessidades mais recorrentes do ser humano é ser escutado. Não ser apenas ouvido, através da audição, mas escutado em profundidade com os cinco sentidos, ou seja, ser sentido pela alma do outro. Ter seus sentimentos realmente compreendidos. Dessa forma, ser empático na prática requer um certo grau de desprendimento dos próprios paradigmas, dos preconceitos e de tudo o que tange ao pré-julgamento do indivíduo. Exige um esforço de sair de si mesmo e penetrar nas verdades do outro, conquanto elas possam apontar o contraditório em nós.
Neste sentido, a empatia é libertadora, porque dignifica aquilo que é valorativo dentro de cada um, criando uma conexão entre quem escuta e quem fala. Mais do que isso: gera uma comunhão de sentimentos, perpassados pelo amor incondicional e pela solidariedade. Solidariedade de dar a sua presença ao outro e receber o seu genuíno íntimo. É “estar presente”, num modo de ser, cuja consciência esteja desperta para se disponibilizar em relação à compreensão. É essa mesma compreensão que salva vidas em momentos de ideação suicida, depressão e tantos outros sofrimentos psicológicos. Por fim, um aspecto interessante é lembrar que, quanto mais dominadores somos nas nossas relações, mais difícil se torna esse processo, porque se presume a necessidade da subjugação de um para o outro existir. Mas até esse aspecto pode ser modificado, com treinamento e autoconhecimento, já que a evolução não dá saltos e convida a todos nós a nos modificarmos constantemente. Basta para isso estarmos conscientes de que sozinhos vamos rápido, mas juntos vamos muito mais longe.