“Sem uma linha de crédito ficaria inviável um investimento deste porte”, afirmam os irmãos Erasmo e Ederson Walter, de Boqueirão do Leão, que financiaram R$ 3 milhões para construir quatro aviários no modelo Dark House.
O valor será pago em 10 anos. O alojamento dos 140 mil frangos deve iniciar em outubro. Outras 20 estruturas devem ser construídas em municípios vizinhos nos próximos meses e todas serão financiadas, o que evidencia a importância dos recursos liberados pelo Plano Safra 2020/2021, anunciado esta semana.
Para este ciclo, o Ministério da Agricultura liberou R$ 236,3 bilhões, valor 6,1% maior do que o apresentado no plano anterior.
Os pequenos produtores terão R$ 33 bilhões para financiamento pelo Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), com juros de 2,75% e 4% ao ano, para custeio e comercialização, respectivamente.
Já aos médios produtores rurais serão destinados R$ 33,2 bilhões, por meio do Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp), com taxas de juros de 5% ao ano (custeio e comercialização).
Para os grandes produtores, a taxa de juros será de 6% ao ano e o valor à disposição R$ 170,17 milhões.
“É preciso fazer contas”
Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Lajeado, Lauro Baum, os juros, tendo por base uma taxa Selic a 2,25%, permanecem altos. “Vamos plantar uma das safras mais caras da história em função do dólar. E se for analisar a possibilidade de nova estiagem, mesmo o juro em 0% ainda seria muito alto”, avalia.
Destaca a importância do produtor calcular os riscos, as oportunidades e os cenários dentro e fora da porteira, ainda mais diante da pandemia. “Ninguém sabe as consequências. A única certeza é de que o mundo precisa de alimentos, mas o custo para produzir e o valor a ser pago por eles, ainda não é sabido”, aponta.
Orienta o agricultor a estudar cada investimento para evitar prejuízos ou a impossibilidade de pagar os valores financiados. É preciso fazer contas, ter cautela e calcular o grau de risco. Do contrário, o futuro da atividade pode estar comprometido, finaliza.
Juros altos
Conforme o presidente da Fetag, Carlos Joel da Silva, não é aceitável concordar que os produtores paguem taxas de juros acima da taxa Selic. Isto é não priorizar os agricultores e os pecuaristas, principalmente os familiares, que mantém o Brasil de pé. Esperávamos um reconhecimento maior por parte do governo, o que acabou novamente não ocorrendo, critica.
Para o presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias (Fecoagro), Paulo Pires, diante do cenário atípico e prejuízos causados pela estiagem, é importante garantir as condições para investimentos do produtor. De acordo com o presidente do Sistema Farsul, Gedeão Pereira, o plano está distante do que seria o ideal, mas é o que foi possível na atual realidade. Elogia o aumento do valor destinado ao seguro agrícola, o qual chega a R$ 1,3 bilhão. “Em caso de perdas, o produtor estará assegurado”, entende.
R$ 228,9 milhões em projetos
Conforme levantamento da Emater Regional de Lajeado, no último ano agrícola (2019-2020), nos 55 municípios atendidos, foram encaminhados 5.298 projetos, tanto de custeio como de investimento, somando R$ 228,9 milhões.
De acordo com o assistente técnico da área de Organização Econômica Alano Tonin, diante das perdas em função da estiagem, era aguardada uma taxa de juros menor. Entende que o crédito rural é fundamental para o produtor fazer novos investimentos e melhorar a infraestrutura. “Estes recursos financiados beneficiam toda cadeia, desde o campo a cidade”.
Os financiamentos podem ser contratados de 1º de julho de 2020 a 30 de junho de 2021.
Volume de recursos
Finalidade | 2019/2020 | 2020/2021 | Variação % | Juros |
Pronaf | 31,22 | 33 | 5,7 | 2,75% a 4% |
Pronamp | 26,49 | 33,20 | 25,1 | 5% |
Demais produtores e Cooperativas | 165,04 | 170,17 | 3,1 | 6% a 7% |
Total | 222,74 | 236,30 | 6,1 |
Fonte – Mapa