• Como descobriu sua vocação para Educação Física?
Sempre fui chegado a jogos. Eu era corredor de rua, jogava futebol, nadava no rio. Passei na UFRGS, me formei em 86 e fiquei seis meses em Roca Sales tentando arrumar serviço. Aí comecei a trabalhar em uma escola particular em Estrela, onde fiquei trinta anos. Neste período trabalhei também na Soges, dei aula de natação para mais de 700 crianças e fazia a colônia de férias. Chegava a acampar com 150 alunos durante uma semana. Trabalhei também na Apae de Lajeado por dois anos. Quando entrei fiquei um pouco receoso, mas acabei me surpreendendo com a gama de coisas novas que aprendi.
• Como passou a se dedicar ao baquete?
A estrutura do basquetebol começou com o Ilgo Kühn, o Russo, era do Bira. Ele fazia campeonatos mirins Fomos campeões estaduais em várias categorias. Agora, com essa pandemia, decidimos, junto com a direção, criar situações para que não houvesse perigo aos alunos, com álcool gel, espaço para todo mundo trabalhar, cada um com seu material.
• Qual a importância de achar poesia no esporte?
Tem uma hora que o corpo humano cansa. Se você tiver essa poesia, essa busca por algo a mais, você consegue fazer ele andar ainda, reagir. Isso é algo fantástico. Temos o poder de gerar mais do que a gente imagina.
• Em mais de 30 anos, o que te motiva a trabalhar?
Minha motivação é passar por um ex-aluno e ver o brilho no olho dele, a vontade de lutar e a resposta ao trabalho que a gente fez. A maioria deles voltam para conversar sobre seu tempo de esporte. Cria uma relação que continua.
• Um dos alunos que você estimulou, o Lucão, se tornou profissional do vôlei. Como foi esse encontro?
Eu conhecia o pai dele e um dia estou caminhando pelo centro e encontrei ele. Vi o menino grandão e convidei para começar a vir de Colinas a Estrela jogar basquete conosco. Depois conseguimos uma bolsa e ele continuou jogando. Mas o basquete masculino em estrela não vingou e o Lucão foi para o voleibol. Dentro do vôlei conseguiu se achar. É importante frisar que o Lucão e outros meninos deram certo no esporte profissional, mas muitas pessoas são bons profissionais nas suas áreas e usaram o esporte como meio de aprendizado.
• O senhor costuma encontrar ex-alunos. Como é receber este retorno?
É uma coisa sensacional. Muitos deles, a gente conversa, a cidade é pequena, se encontra seguido. A gente recorda histórias. De todos, eu tenho uma memória, uma cesta de três, alguma coisa diferente que fez, alguma jogada. Tem alunos que eu dou aula para os filhos deles. É bacana. A vida é bacana, por isso não podemos desistir da poesia. Se não, vamos só correr atrás do vil metal e não vai ter graça a vida. Nossa vida é muito mais importante.