Grupo de Risco é Grupo de Risco

Opinião

Rodrigo Martini

Rodrigo Martini

Jornalista

Coluna aborda os bastidores da política regional e discussão de temas polêmicos

Grupo de Risco é Grupo de Risco

Vale do Taquari

As ações para controle da pandemia são terríveis para a sociedade e a economia. Os danos do combate à Covid-19 ainda são imensuráveis. Desemprego, depressão, doenças, empobrecimento e o aumento da criminalidade serão os primeiros sinais. Isso tudo só faz um mínimo de sentido por que o objetivo é a preservação de vidas. E para preservar vidas é necessário tratar com muito mais zelo os integrantes do chamado Grupo de Risco. Logo, é controversa a decisão do Governo de Lajeado de reintegrar alguns servidores mais idosos.

Na semana passada divulguei sobre um e-mail repassado aos diretores da rede básica de ensino. A mensagem atendia a uma determinação do setor de RH do Executivo, que foi provocado a agir diante da insistência de alguns funcionários de maior idade. A informação era: “serventes concursadas, auxiliares de biblioteca e secretários de escola que estão afastados por pertencerem ao Grupo de Risco (acima dos 60 anos) poderão retornar ao trabalho, mas antes deverão passar no RH para assinar o documento, assumindo a responsabilidade do retorno”. Não há menção a eventual comorbidade.

O Governo reforça que a determinação para o Grupo de Risco ainda é o teletrabalho, banco de horas e – hashtag – “fique em casa”. Reitera que não está pedindo e tampouco impondo o retorno desses profissionais ao serviço presencial. Também não há relatos de cerceamento. De acordo com o governo, os próprios servidores públicos insistem em voltar. E foi para equalizar o conflito que o Setor de RH produziu o singular “Termo de Responsabilidade”, já assinado por “conta e risco” por 33 funcionários de 10 secretarias. Nesse documento, eles isentam o município de qualquer responsabilidade “por eventual contaminação por Covid-19”.

É confuso. Ora, estamos quebrando a economia para preservar vidas, e rezando para não superlotar o hospital. E se as pessoas mais suscetíveis estão acima dos 60 anos, não faz muito sentido o Executivo autorizar – mesmo com esse papel assinado pelos funcionários – o retorno das “vítimas em potencial” ao trabalho presencial. Por ora, o mais prudente é dar o exemplo. Afinal, além do risco iminente na saúde e no âmbito jurídico, a decisão pode soar como um desrespeito ao sacrifício coletivo que foi imposto pelo mesmo Executivo para salvar vidas.

Claro, é preciso garantir um suporte muito maior a essas pessoas que vivem no Grupo de Risco. Servidores públicos ou não. Precisamos monitorar nossos idosos. Precisamos concentrar esforços para isolar, subsidiar, abastecer quem não têm parentes ou amigos mais próximos e, consequentemente, proteger a vida de quem é mais suscetível ao novo coronavírus. Ao menos durante esse período crítico da pandemia, que ainda nos parece confuso e distante do fim, a nossa principal missão é cuidar do interesse público e do Grupo de Risco.


Licitações ao vivo

Em Encantado, o Projeto de Lei de origem Legislativa que dispõe sobre a “obrigatoriedade de registro em áudio e vídeo dos processos licitatórios e transmissão ao vivo, via internet, dos Processos Licitatórios realizados pelo município” ainda não foi à votação.


MP e Câmara de Estrela

Não era para vazar. Mas, de forma incrivelmente fácil, vazou. A conversa entre os vereadores João Braun (PP) e Débora Martins (Republicanos) com o Promotor de Justiça Daniel Cozza Bruno pode mudar os rumos da política na cidade. São diversos vídeos de uma conversa virtual entre os agentes públicos, e que gerou uma “Notícia de fato” junto ao Ministério Público – não há Inquérito Civil. Há quem diga que o fato estremeceu de vez a relação entre PP e MDB.

Entre as denúncias contra a Administração Municipal, supostas irregularidades na aplicação de emendas destinadas ao Hospital de Estrela, e também no uso de dinheiro federal exclusivo ao combate da Covid-19. E o promotor alertou. “A Operação Camilo vai ter reflexos em municípios da região. Inclusive, em Estrela”. Ele se referia à operação que, entre outros fatos, gerou a prisão do prefeito de Rio Pardo, Rafael Barros, acusado de desviar recursos públicos.


Luto na imprensa!

Vi o colega jornalista Milton Fernando Weizenmann pela última vez há cerca de duas semanas. Ele caminhava com um ar de serenidade em frente à sede do Grupo A Hora, no centro de Lajeado. Ensaiei uma conversa. Mas ele parecia apressado. Foi apenas um breve “Oi”. Não sei dizer se ele já sabia da doença que lamentavelmente tirou sua vida. Eu fiquei sabendo dias depois.

Milton morreu aos 60 anos de idade, vítima da Covid-19. Fica o exemplo de profissional dedicado. Um comunicador. Um radialista muito comprometido com o desenvolvimento do nosso Vale do Taquari. Era morador de Estrela e atualmente atuava na região em Encantado. Será lembrado como um ícone do jornalismo da região. E, assim como todas as demais 36 vítimas da Covid-19 na região, jamais será transformado em mera estatística da pandemia.

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