A expectativa de professores, diretores e alunos sobre o retorno gradual das aulas presenciais era conhecer ontem os detalhes dos critérios. Por outro lado, o avanço no número de contágios e de óbitos nos últimos dias, fez o governador Eduardo Leite transferir o anúncio.
Em transmissão na tarde de ontem, o chefe do Executivo gaúcho afirmou que com quatro regiões em bandeira vermelha do risco de contágio, é necessário ainda mais cautela antes de liberar os encontros presenciais.
A perspectiva agora, afirmou o governador, é que ao longo desta semana ou na próxima segunda-feira, seja apresentada a metodologia da terceira etapa de distanciamento à Educação. Com isso, é improvável que haja alguma mudança já para os primeiros 15 dias de julho. Situação que indica, inclusive, que as aulas remotas devem continuar por todo o mês.
“O momento é de precaução. Há muitas dúvidas do que as escolas terão de implementar”, comenta um dos diretores regionais do Sindicato dos Professores do Ensino Privado (Sinpro), Douglas Schlabitz.
Ter mais uma semana de espera sobre os próximos passos para volta às aulas trouxe frustração, diz o representante da entidade. “Por outro lado entendo a posição do governo. Isso também nos conforta, pois não há no país nenhum protocolo definido para escolas e redes de ensino quanto à reabertura das turmas.”
O diretor do Colégio Evangélico Alberto Torres (CEAT) de Lajeado, Rodrigo Ulrich, realça a necessidade de mais clareza com relação às normas de retorno. Pelo fato de a rede privada depender das mensalidades para seguirem, há uma preocupação maior de quando haverá a retomada dos encontros.
“Estamos entrando no terceiro mês com o colégio fechado. Queríamos voltar logo. Agora, só podemos retornar quando houver condições de preservar a saúde de todos. Para isso, precisamos de mais clareza sobre como essa volta vai ser”, frisa o diretor.
Por parte das instituições públicas, o Cpers\Sindicato defende que o retorno, mesmo que para atividades em laboratórios autorizados ontem, seja postergado. Na visão da entidade, não há como garantir a saúde de alunos, professores e funcionários.
O modelo para retomada gradual foi apresentado pelo Estado no dia 26 de maio. São estipuladas cinco etapas, com expectativa das atividades 100% presenciais em setembro. O sistema considera riscos por região, o que pode resultar em fechamento total das escolas em casos de bandeira vermelha ou preta.
Comitês municipais
No decreto do dia 4 de junho, o governador Eduardo Leite criou a organização de comitês municipais para todo o RS. Com a presença de autoridades públicas, professores, diretores e representantes da comunidade escolar, cada cidade precisa elaborar um plano para retomada das aulas.
Essa organização precisa ser oficializada por meio de um decreto de cada prefeitura. No documento, é preciso constar detalhamentos técnicos de como serão preparadas às instituições de ensino para receber os alunos.
As escolas privadas têm que fazer um projeto e anexar ao município. Após a conclusão desse trâmite, o decreto é remetido ao governo estadual. “Temos uma série de critérios para atender. Mesmo que o governador apresentasse hoje (ontem) como seriam os protocolos de saúde, seria muito difícil reabrir as escolas no 1º de julho”, estima o diretor do Ceat, Rodrigo Ulrich.
A assistente social do Colégio Madre Bárbara e integrante do comitê da instituição, Melissa Capra, conta que o objetivo do grupo é criar quais intervenções em relação ao distanciamento social precisam ser adotadas. Junto com isso, há uma série de orientações, treinamento de professores e funcionários.
A diretora do colégio, Maria Elena Jacques, realça a importância dessa organização. Para garantir segurança, o Madre Bárbara investiu em equipamentos de proteção. “O desafio está posto, aguardaremos orientações do Estado e contamos com a parceria do município e do sindicato das escolas privadas (Sinepe). Estamos preparados para a continuidade das aulas remotas e para a oferta de aulas presenciais, conforme orientações do Estado”, resume a diretora.