Programas de irrigação amenizam perdas com estiagem

AGRONOTÍCIAS

Programas de irrigação amenizam perdas com estiagem

Em 35 anos, RS perdeu 75 milhões de toneladas de grãos. Emater defende reservação de água

Programas de irrigação amenizam perdas com estiagem
Estado

Enquanto os vizinhos amargaram perdas substanciais com a produção de leite devido a pouca oferta de pasto verde e pastagens, o produtor Luis Antônio Cayê, de Linha Sítio, interior de Cruzeiro do Sul, manteve a produtividade estável nas mais de 50 vacas leiteiras.

Ele investiu R$ 39 mil na instalação de 16 aspersores faz quatro anos. “Em épocas de pouca chuva é o que garante a umidade suficiente na lavoura. Atrapalha a burocracia e a demora em emitir as licenças ambientais. Esperei três anos para conseguir”.

Para resolver estas questões e ampliar a área irrigada no Estado foi criada em maio a Câmara Setorial da Irrigação. Com maior ou menor gravidade, as estiagens ocorrem três vezes a cada dez safras.

Para o secretário estadual da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr) Covatti Filho, por falta de um incentivo efetivo para disseminar a irrigação, as estiagens trouxeram grandes perdas, que poderiam ser evitadas ou minimizadas. “Nos últimos 35 anos, foram perdidos cerca de 75 milhões de toneladas de grãos, prejuízo financeiro acima de R$ 100 bilhões em valores atualizados”.

Conforme o diretor do departamento de Políticas Agrícolas da Seapdr, Ivan Bonetti, os três maiores gargalos são: burocracia para conseguir as licenças ambientais, deficiência no abastecimento de energia elétrica e ausência de linhas de crédito.

“Temos apenas 2,9% de área irrigada no plantio de sequeiros – soja, milho, trigo e feijão – enquanto São Paulo chega a 34%. Em números de decretos de emergência, o Rio Grande do Sul fica à frente até de estados da região Nordeste, como Piauí”, exemplifica.

Reserva de água

Para o gerente regional da Emater de Lajeado, Marcelo Brandoli, a primeira necessidade é reservar água na propriedade. “Poderíamos ter incentivos municipais, estaduais e federais para instalar caixas d’água, cisternas ou açudes. Muitos projetos esbarram na falta de água”, observa.

Para ele, é importante também proteger as nascentes, bem como as áreas de preservação permanente. “Primeiro lugar é preciso ter água suficiente e depois resolver problemas com licenças, energia elétrica e instalar sistemas de irrigação”.

Ações em andamento

Para reduzir os prejuízos o RS desenvolve diversos projetos como o Mais Água Mais Renda, o Segunda Água e o de Infra-Estrutura Rural, para viabilizar a construção de açudes, a perfuração de poços e a distribuição de kits de irrigação para as pequenas propriedades.

Desde 2019 foram construídos mais de 1,8 mil açudes cujo investimento passa de R$ 6 milhões. Outras 2,7 mil famílias, em 68 cidades receberam 294 kits. O programa teve aporte de R$ 26,2 milhões.

Entre os beneficiados está a agricultora Jaqueline Altenhofen, em Estrela. Ao lado marido Jaime, cultiva verduras, chás e legumes, todos orgânicos, sendo o carro-chefe a batata-doce. “Antes de implantar o sistema de irrigação próprio, precisávamos pegar água da rede comunitária, o que era uma logística bem complicada”, diz.

E com a perfuração de poços artesianos, 74 desde o ano passado, 17 mil famílias serão beneficiadas. E ainda foi aplicado R$ 1,5 milhão este ano para subsidiar equipamentos de irrigação para 92 produtores. No ano passado, foram 165 projetos, com 3.560 hectares irrigados e 111 açudes regularizados ou construídos.

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