Medo do machismo estrutural silencia mulheres

Entrevista

Medo do machismo estrutural silencia mulheres

Elisabete Barreto Müller abordou a importância de campanhas como o "HeForShe" e falou sobre a atuação da rede de enfrentamento à violência contra a mulher em Lajeado

Medo do machismo estrutural silencia mulheres
(Foto: Arquivo A Hora)
Lajeado

A professora do curso de Direito da Univates e delegada Elisabete Cristina Barreto Müller participou, na manhã deste sábado, 13, do programa A Hora Bom Dia, da Rádio A Hora 102.9 FM, abordando a violência contra a mulher.

Elisabete lembrou que, em tempos de pandemia, as mulheres estão ainda mais expostas à violência doméstica, já que permanecem mais tempo em casa. “A violência se intensificou neste momento, porque elas estão numa convivência maior com o agressor e muitas vezes não consegue pedir socorro, pois não pode sair de casa”, salienta.

Ela lembra que, entre março de abril, ocorreu um aumento em casos de feminicídios no Rio Grande do Sul, quando comparado com o ano passado, bem como de outras violências, como lesão corporal e ameaça, enquanto em maio houve uma queda de 45% nestes crimes.

Outra situação preocupante, conforme Elisabete, é o fato de que muitas mulheres tem medo de denunciar agressores, já que, em muitos casos, os homens impõem uma hierarquia de poder. Isso, na avaliação dela, ocorre em virtude do machismo estrutural, que está enraizado na sociedade.

“Nesse sentido, muitos países do mundo começaram a realizar campanhas, incentivando as denúncias online, como a França e a Bélgica, que abriram quartos de hotel para essas mulheres. O poder público tem que ficar atento, para que elas consigam sair dessa situação”, afirma.


Rede de enfrentamento

Militante dos direitos das mulheres, Elisabete criou, há quase 20 anos, a Casa de Passagem, para abrigar vítimas de violência doméstica no Vale. Ela participa também da rede de enfrentamento de violência contra mulheres em Lajeado.

“Essa rede atende a mulher nessa busca do empoderamento para romper o ciclo da violência. E essa rede também está vendo que precisa atingir o agressor, e trabalhar para que os jovens não sejam machistas”, salienta.

Elisabete lembra que os homens são criados, desde cedo, em ambientes machistas, com piadas que reforçam este estereótipo, e depois pensam que não é crime ofender e agredir mulheres. “Acredito muito no poder da informação para a mudança dessa cultura”, comenta, citando o exemplo da campanha mundial “HeForShe” (Eles por Elas), que visa encorajas jovens e homens a tomarem iniciativas e medidas contra a desigualdade de gênero com a qual milhões de mulheres são submetidas.

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