“Meu objetivo é disputar os Jogos Olímpicos”

Entrevista da semana

“Meu objetivo é disputar os Jogos Olímpicos”

Atleta do Internacional, Júlia Daltoé Lordes projeta a carreira e analisa o momento vivido pelo futebol feminino

“Meu objetivo é disputar os Jogos Olímpicos”
Crédito: Arquivo Pessoal
Encantado

Como que o futebol entrou na tua vida?

Eu era jovem, uns seis sete anos e não sabia muito o que queria. Comecei frequentando CTG e brincando de futebol com meus familiares. Foi quando meus pais perceberam que gostava muito de jogar e não brincar com bonecas, foi quando me colocaram em uma escolinha para ver se ia me adaptar. Comecei no CFM, de Encantado, e era muito legal. Era a única menina que participava da escolinha então foi ali que começou a paixão pelo futebol. Amava treinar, não largava a bola. No começo foi diversão, agora é ainda, mas é minha profissão.

Você é atleta do Internacional e é convocada seguidamente para as categorias de base da Seleção Brasileira. Como avalia o crescimento do futebol feminino?

Falo bastante que o futebol mudou muito. Quando iniciei só tinha escolinha para meninos. Agora uma menina que quer ser jogadora de futebol já pode entrar em escolinha de futebol só com meninas. Isso ocorre aqui no Internacional por exemplo. Tem escolinha desde o sub-06, até chegar no profissional. Então com essa evolução fica mais bonito de se ver e proporcional também, pois elas tem evolução e construção desde a base. Isso eu não tive. Comecei a jogar campo quando tinha 16 anos. Hoje as meninas com 8 anos já jogam campeonatos. O crescimento foi muito rápido e neste ano seria um ano muito bom pois estavam programados mais campeonatos federados, mas ainda temos muitos a evoluir.

Diferente do futebol masculino, no feminino não existe perspectiva de retorno. Quais as orientações que o clube passou para vocês?

A gente está com uma expectativa boa de voltar no inicio de julho. Voltando o Gauchão masculino, logo volta o feminino. Sabemos que o Brasileirão vai demorar para retornar. A gente tem a expectativa e estamos confiante que voltaremos em julho para a pré-temporada. Acredito que o Rio Grande do Sul vai ser o único estado que vai voltar antes, pois a pandemia está muito bem controlada aqui. Os times gaúchos vão largar na frente quando voltar o Brasileirão.

Como que você está trabalhando nesse momento?

Tudo esta sendo feito por videoconferência. Todos os profissionais dos clubes fazem chamadas de vídeo com todas atletas, eles assistem nossos treinamentos para nos supervisionar e dar um suporte e assim todas tem que participar. É como se fosse um treino normal, cada uma em sua cidade. Todas estão conseguindo fazer com o que tem, cada uma se adapta em casa. Está dando certo.

Você é constantemente convocada para as seleções de base do Brasil. Desde quando é convocada para a seleção?

A minha primeira convocação foi em 2017 e fique até o fim de 2018 sendo convocada. Foram em torno de 40 convocações. Então joguei o Sul-Americano, depois fomos para o torneio preparatórios para a Copa do Mundo, um torneio na África e também joguei a Copa no Uruguai. Fomos eliminados para o México. Foi uma experiência muito boa pois os jogos eram transmitidos pela televisão com meus pais assistindo, enfrentando outras seleções, vendo outros jeitos de jogar, foi muito legal essa passagem. Espero continuar sendo convocadas agora para o sub 20 e depois chegar no profissional. Minha passagem pelo sub 18 foi muito gratificante.

As Olimpíadas foram adiadas para o próximo ano. É possível te vermos nas Olimpíadas do próximo ano?

Um dos meus objetivos como profissional é jogar os Jogos Olímpicos. A gente acompanha o trabalho da nova técnica. Ela olha muito para as categorias de base, olha quem está jogando. Sei que não é fácil. Já tem várias atletas consagradas garantidas. Se não for nessa de 2021, vou seguir trabalhando para que no próximo ciclo eu seja lembrada. Tenho a expectativa, é meu sonho de jogar as Olimpíadas. Como vai ser ano que vem, a gente não sabe como as atletas estarão, se elas vão conseguir se manter na Seleção. Então vou seguir trabalhando para conseguir buscar meu espaço.

O que falta para o futebol feminino ser mais reconhecido e elevar a profissionalização das atletas e da categoria como um todo?

O que falta mesmo é a mídia dar mais visibilidade ao esporte. Hoje a imprensa só fala do masculino, então temos que dar uma atenção para maior para o feminino também. Muita gente não sabe que existe pois não ganha muita visibilidade. Uma outra ideia é os próprios clubes usarem os telões durante as partidas do profissional para chamar a atenção das pessoas que o esporte existe.

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