Mais uma forma de fortalecer a rede em defesa das mulheres. Esse é o propósito da campanha “Máscara Roxa”, lançada pelo Ministério Público (MP) nessa quarta-feira, dia 11.
A iniciativa possibilita que vítimas de violência doméstica denunciem as agressões em farmácias que tiverem o selo “Farmácia Amiga das Mulheres”. O programa funcionará durante o período de isolamento social causado pela pandemia do novo coronavírus.
Conforme o MP, ao chegar à farmácia, a mulher deve pedir pela máscara roxa. É uma senha para que a atendente saiba que se trata de um pedido de socorro. Em seguida, a funcionária do estabelecimento informa que o produto está em falta e que pegará dados para avisar quando o produto chega.
A partir disso, a atendente repassa as informações para a Polícia Civil, que adotará as medidas necessárias, de investigação ou visita à residência.
De acordo com o MP, os trabalhadores das farmácias inscritas serão treinados por meio de um curso online.
A campanha inicia em uma rede voluntária instalada em diversos municípios gaúchos. Também estará aberta para adesões de mais interessados em participar.
Nesta primeira etapa, estão mobilizados cerca de 600 estabelecimentos da Rede de Farmácias Associadas, em 251 cidades gaúchas.
Rede de amparo
A promotora de Justiça Carla Cabral Lena Souto, da Promotoria Especializada de Combate à Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher explica que a parceria com as farmácias foi pensada pelo fato dos estabelecimentos serem de fácil acesso, não levantarem suspeitas dos agressores e estarem abertos indiferente do risco de contágio regional.
De acordo com ela, um dos grandes desafios do combate à violência doméstica é incentivar a mulher a denunciar. “É inegável que um grande número de casos não é trazido ao conhecimento das autoridades”.
Dentro dessa perspectiva, há ainda mais risco à integridade das mulheres devido ao distanciamento social, diz a promotora, pois em todo o mundo houve aumento nos casos de agressões contra a mulher.
Em abril, durante o período de isolamento, o número de casos de feminicídio no RS cresceu 66,7%, em relação ao mesmo mês do ano passado. No Brasil, o assassinato de mulheres cresceu 22,2% nos meses de março e abril, em 12 estados, em comparação ao mesmo período de 2019, de acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.