O que mais revela a pesquisa sobre covid em Lajeado

Testa Lajeado

O que mais revela a pesquisa sobre covid em Lajeado

Apenas 11% são casos ativos. Incidência é maior na população com menor renda e escolaridade. Resultados revelam baixa subnotificação de contágios

O que mais revela a pesquisa sobre covid em Lajeado
Lajeado

Os resultados da primeira etapa da pesquisa Testa Lajeado foram apresentados ontem à tarde na Univates. Os dados preliminares apontam que 3,1% da população adulta de Lajeado tem coronavírus. O levantamento considera apenas os maiores de 18 anos. Com base nos resultados, projeta-se que 1984 pessoas em Lajeado tenham contraído o vírus. Apenas 11% estão com o vírus ainda ativo.

O encontro, no auditório do prédio 7 da Univates, reuniu profissionais de imprensa e representantes do município e da universidade. Foram adotadas medidas como medição da temperatura na entrada, uso de álcool gel e distanciamento entre os participantes.

A pesquisa é desenvolvida pelo município e Univates. Os trabalhos são coordenados pelo professores Rafael Picon e Ioná Carreno. Eles apresentaram os resultados com diversos recortes de renda, escolaridade, comorbidades, entre outros.

A influência dos surtos em frigoríficos na situação geral aparece de forma bem demarcada. A probabilidade de ter o vírus é três vezes maior entre estes profissionais. Os resultados mostram ainda que a presença do vírus é maior entre a população mais pobre.

Baixa subnotificação

Os dados revelam que a subnotificação no município é considerada baixa. Em 4 de junho, último dia de coletas, Lajeado tinha 1,4 mil casos confirmados. Portanto, cerca de 70% dos casos positivos haviam sido diagnosticados pela rede de saúde do município.

A pesquisa desenvolvida pela Ufpel a nível nacional estima que existam, noa país, sete casos reais para cada caso para cada caso confirmado por meio de testes. Em Lajeado, este número não chega a dois casos reais para cada confirmado.

Asmáticos e hipertensos preocupam

Entre os resultados, Rafael Picon destaca a alta prevalência entre pacientes com asma ou hipertensão arterial. “A associação foi bem forte para hipertensão e asma. Parece mesmo que ter uma dessas doenças eleva a probabilidade de contrair a infecção por coronavírus”, analisa.

O professor afirma que esta informação é nova. Até então, se sabia que a prevalência de hipertensão em pessoas com coronavírus era maior. A pesquisa constatou o exato inverso, que a prevalência de coronavírus é maior nos hipertensos.

Picon afirma que cerca de 60% das pessoas hospitalizadas com coronavírus são hipertensos, o dobro do percentual da população adulta em geral. “Talvez essa desproporção se explique pelo fato de que hipertensos se infectam mais. O mesmo vale para asma”.

Crianças são preocupação menor

Os testes foram aplicados apenas em pessoas maiores de 18 anos. Picon explica que as crianças têm um risco muito pequeno de pegar o vírus e de transmiti-lo a outras pessoas. No início da pandemia, quando se tinha pouca informação específica sobre o comportamento do vírus, a recomendação era evitar o contato de crianças com idosos, por exemplo.

“Se conhecia pouco o coronavírus, então se importou conhecimento de outros vírus. No influenza, as crianças são vetores. Com o passar do tempo, a ciência verificou que essa premissa estava errada. As crianças contraem pouco coronavírus e não infectam os adultos como se pensava”, explica.

Maior incidências em bairros pobres

Ainda que a pesquisa busque o cenário do município como um todo e não um resultado por bairros, os coordenadores constataram que a maior prevalência está nos bairros localizados ao Sul da cidade, como Conservas, Morro 25 e Santo Antônio.

Estes bairros mais carentes, onde têm menor renda e escolaridade da população, apresentam um número maior de casos positivos”

Este dado também dialoga com variáveis como renda, escolaridade e presença de trabalhadores de frigoríficos.

“Estes bairros mais carentes, onde tem menor renda e escolaridade da população, fecha também com o local onde os trabalhadores dos frigoríficos residem. Ali temos um número maior de casos positivos”, analisa a professora Ioná Carreno.

Resultado melhor que o esperado

Na avaliação do prefeito Marcelo Caumo, os primeiros resultados da pesquisa apontam para um cenário mais favorável que o esperado. O prefeito atribui os números ao bom funcionamento dos serviços públicos.

“Eu esperava bem mais casos confirmados. Achei que fosse em torno de 10% da população. O resultado demonstra como os serviços do município estão ativos e como as estratégias foram importantes e assertivas. Esse resultado é fantástico”, afirma.

Caumo destacou ainda que nenhum dos pacientes que veio a óbito ficou desassistido pela estrutura de saúde.

Pesquisa medirá confiança de testes

Os dados apresentados são preliminares e correspondem à primeira de três etapas da pesquisa. Ainda nesta fase, na próxima semana, a equipe deve apresentar dados referentes à análise dos contactantes, aquelas pessoas que tiveram contatos com casos positivos. Os dados foram coletados e estão em análise.

São aguardadas ainda informações sobre pacientes assintomáticos, que contraem o vírus, mas não desenvolvem os sintomas.

Além de medir a prevalência na cidade, o Testa Lajeado vai verificar a confiança dos testes rápidos. A comunidade científica considera que os testes tenham entre 68% e 85% de acerto. Serão aplicados testes rápidos em pacientes que tiveram resultado positivo em testes PCR para verificar com maior exatidão o grau de confiança.

A segunda etapa da pesquisa inicia no próximo sábado, 13, e testará 1,1 mil pessoas. A terceira e última etapa inicia no dia 27 de junho.

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