Um campeão mundial em Lajeado

Craques do Vale

Um campeão mundial em Lajeado

Multicampeão com Enxuta, Internacional e Seleção Brasileira, Edmilson Corrêa, o “Bella” fixou residência no Vale do Taquari e hoje é uma das principais peças na reestruturação da Alaf

Um campeão mundial em Lajeado
Lajeado

Nascido em Caxias do Sul, Edmilson Corrêa, o “Bella”, até tentou ficar longe do futsal, mas a paixão pela modalidade o fez voltar. Hoje vive intensamente o esporte. Atual técnico da Alaf integrou elencos que encantaram o Brasil como a Enxuta e o Internacional, além de ter sido Campeão Mundial com a Seleção Brasileira.
Como a maioria dos atletas, Bella teve um início difícil. Nascido em uma família grande, viu no futsal uma oportunidade de ajudar no sustento da casa. Com 15 anos, Bella treinava na categoria infantil do Juventude, no futebol de campo, e na Enxuta, no futsal. O Juventude quis que o atleta permanecesse no elenco, mas como a Enxuta ajudava com salário e condução, optou por seguir carreira no futsal. “Sempre fui apaixonado pela modalidade, gostava de assistir os treinos e jogos.” Ele comenta que o período no futebol de campo o ajudou pois desenvolveu melhor a parte física.”

Começo na Enxuta

Bella foi multicampeão na Enxuta – Foto: Arquivo Pessoal

Na década de 90, a Enxuta era a base da Seleção Brasileira, então as oportunidades de atuar eram escassas. “Aprendi muito com o pessoal que jogava. Tive a sorte de subir para uma equipe grande e com companheiros de qualidade. Isso ajudou muito no meu desenvolvimento.”
O time tinha nomes que marcaram época como Morruga, Jorginho, Gera, Carlos Otávio, Mauro, Ronaldão, Paulinho Sananduva, PC Oliveira e Ortiz. “Era um grupo muito seleto e esses caras me ajudara muito na minha formação.”
Mas engana-se quem pensa que o início foi fácil. Com poucos recursos, a Enxuta investiu na base em 1991 e no primeiro ano praticamente só perdeu. A partir de 1992 foi que o time se destacou e acabou se tornando uma potência nacional. No clube de Caxias do Sul ficou por dez temporadas.

Convocação para a Seleção Brasileira

Foram várias convocações ao longo da carreira, mas a primeira vez foi inesquecível. Em 1992, terminou como artilheiro do Estadual e em 1993 também liderava a disputa. Em um treinamento, o presidente da Enxuta foi para o treinamento rodeado de jornalistas entregar a carta de convocação. “Não esperava ser convocado. Naquele dia recebi a carta e foi muito gratificante defender as cores da seleção.” Na Seleção foi Campeão Mundial por diversas vezes, além de outros torneios.

Chegada no Internacional

Bella fez parte do time campeão mundial com o Internacional em 1997 – Foto: Arquivo Pessoal

Vivendo problemas financeiros, a Enxuta ganhou o Brasileiro em fevereiro e logo depois fechou as portas. “Comemoramos o título no domingo e na segunda o presidente avisa que não ia mais ter o time.”
Com o término da equipe, cada um foi para um lado. Com isso, Bella foi para o Internacional junto com outros companheiros. No colorado ganharam o mundial em 1997. “Naquele ano ganhamos tudo que podia ganhar.”
Com o time profissional de campo do Internacional não vivia uma boa fase e com a boa campanha no salão, a torcida pegou junto. “Todo jogo era o estádio cheio.” A boa fase durou pouco tempo e logo depois o clube teve que fechar o departamento de futsal.

Vida como treinador

A sequência na carreira no esporte foi por um acaso. Depois que parou de jogar, definiu que não queria seguir na modalidade e se formou em comércio exterior. A experiência não durou muito tempo e na primeira proposta que recebeu para voltar ao esporte, não pensou duas vezes e aceitou. Na ocasião recebeu um convite de Flávio Cortiana para ser vice-presidente do Brasil de Farroupilha. No cargo ficou por dois anos. “Tive mais frustrações do que alegria, então pedi para sair.”
O primeiro trabalho no futsal foi na AES, de Sobradinho. Quando assumiu o time do Vale do Rio Pardo, a equipe estava em último lugar e nas nove partidas que tinha disputado no Gauchão, havia empatado apenas uma. “Pensei, não tem o que fazer, pior que isso não vai ficar (risos).” Para a surpresa de muitos, no segundo turno fizeram a segunda melhor campanha e por poucos não se classificaram para as quartas de finais.
Após a passagem pela AES, Bella ainda treinou a Assaf, de Santa Cruz do Sul, e no Juventude, de Caxias do Sul. Na equipe da Serra conseguiu dois títulos importantes. “Saí de lá, pois o time ia jogar a Liga Nacional e achei que não estava preparado para esse desafio.”

Chegada na Alaf

De férias em Estrela, Bella foi convidado para uma reunião com Alexandre Heisler, presidente da Alaf na ocasião. “Achava que era sobre as escolinhas que tínhamos parceria, mas para minha surpresa foi para treinar o time.”
O treinador comenta que sempre quis trabalhar em Lajeado e que no período a frente do time Lajeadense já recusou vários convites de clubes importantes no Brasil e no Mundo. “Não tenho intenção de sair da região, tenho estabilidade e muitos amigos aqui. As vezes as pessoas não sabem o tamanho e grandeza que tem a Alaf.”
No ano passado, em virtude do stress da profissão, Bella passou por problemas de saúde. Após um período, retornou as quadras, mesmo assim, comenta que não pretende largar a carreira. “É minha profissão, sempre gostei. Então nem cogito a ideia de encerrar agora.”
Indagado sobre o que é mais fácil se é jogar ou treinar, Bella é enfático que prefere sempre jogar. “Como treinador é uma série de fatores. Tu trabalha com muitas famílias e jogadores, então tem que fazer um trabalho muito bom, muito técnico, tático e de psicólogo também.”

Projetos sociais

Além de comandar o profissional, Bella é muito importante nos projetos sociais. Além dos promovidos pela Alaf em parceria com várias entidades. O treinador tem um projeto em Caxias do Sul. “Lá em Caxias eu só vou quando eles precisam, ajudo meio que de coadjuvante. Vou mais para dar palestras mostrar quem a gente era, por onde passamos e onde chegamos.”
Por falar sobre os projetos de Lajeado, Bella comenta que o trabalho feito em conjunto com o André Delazeri e Alexandre Heisler são exemplos no Estado. “Sempre comento com todos os outros clubes que eles deveriam vir para Lajeado conhecer os projetos. Somos muito bem tratados e assessorados.”

Retorno do futsal

Como todas as equipes de futsal no Brasil, a realidade financeira da Alaf não é das melhores. Com poucos recursos, a diretoria não mede esforços para montar um time competitivo. “A gente tenta achar os jogadores certos para vir, temos hoje uma dignidade muito grande dentro de Lajeado e Região. Conseguimos sempre montar equipes competitivas e baratas.”
Sobre a situação financeira vivida pela Alaf, Bella comenta que hoje a equipe se encontra em uma situação confortável, mesmo sem atividade em virtude do coronavírus. Segundo ele, diferente dos outros clubes, a Alaf não tinha acertado contrato com nenhum jogador, apenas apalavrado. “Teve equipes que tem contrato acertado, até locação de apartamentos, esses vão sofrer mais com essa pandemia.”
Hoje o único contratado da Alaf é o próprio Bella. “Tive uma redução salarial, acho isso super natural, pois não tem como o clube se sustentar sem patrocínio e renda.”
Sobre o retorno dos jogos, o treinador acha que será muito difícil a realização da Liga Gaúcha nesta temporada. Para ele, se a competição não voltar antes de agosto, será inviável para os times que disputam a Liga Nacional – Atlântico e ACBF, jogarem as duas competições ao mesmo tempo. “Será um jogo a cada dois dias, é impossível isso.”

Principais mudanças

Desde que iniciou na AES, Bella comenta que sempre buscou novas ideias que pudessem ajudar no desenvolvimento no trabalho. “Não sofri nessa transição de jogador para treinador, minha adaptação foi muito rápida.”
Para Bella, a maior diferença é que o futsal ficou mais dinâmico, principalmente após ser permitido gol dentro da área. A única situação que pouco mudou desde a época em que era jogador é a visibilidade e apoio da mídia. “Torço para que o futsal um dia se torne profissional, como é em outros países.”

Ficha técnica

Nome completo: Edmilson Corrêa, o “Bella”
Clubes por onde passou: Enxuta, Internacional, Ulbra, ACBF, Foz Cataratas, Cascavel Futsal, UCS e Seleção Brasileira;
Clubes por onde treinou: AES, Assaf, Juventude e Alaf;

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