A pandemia traz consigo sentimentos difusos na comunidade. Especialistas e médicos alertam que mais pessoas estão sofrendo devido a crises de ansiedade, depressão, síndrome do pânico e outros transtornos. O temor sobre o futuro repercute no comportamento de muitos.
Ainda que o cenário seja de incertezas e de dificuldades, também surgem exemplos de desprendimento, empatia e preocupação com o próximo. Foi justamente para levar luz sobre essas condutas individuais ou de grupos da região, que surgiu a campanha “Atitude: Eu tenho a Minha.”
Na abertura do projeto, foram apresentadas sete histórias. São religiosas que confeccionam máscaras, diretora de escola que se movimenta para ajudar pessoas carentes, professor de futebol que precisa se reinventar para manter a família, grupo de empresários que cria ferramentas para unir voluntários, amigas apaixonadas por carteado que fazem doações de alimentos, até um menino de 10 anos que destina o dinheiro para comprar brinquedos ao hospital.
Em comum, todos mostram como atitudes positivas podem transformar a realidade, seja na rua, no bairro, na cidade ou na região. Como forma de multiplicar esses exemplos surgiu a campanha.
O projeto de caráter social partiu da união de esforços entre a Associação Comercial e Industrial de Lajeado (Acil), Junior Chamber international (JCI) e da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL).
Um dos integrantes da iniciativa, o publicitário Márcio Alessio, destaca que o objetivo é propagar atitudes positivas e fazer com que os voluntários sejam os protagonistas. “Não temos a pretensão de sermos os donos da campanha. É uma iniciativa para multiplicarmos bons exemplos.”
De acordo com ele, ao invés de se concentrar nas dificuldades, na necessidade de prevenção ou contar o número de contágios, as entidades proponentes da campanha decidiram que era preciso criar um movimento para recuperar o otimismo.
Campanha ganha às ruas
Na tarde de ontem, integrantes da JCI foram às ruas. Fantasiados, eles distribuíram máscaras e convidaram as pessoas para acompanhar o lançamento da campanha. Conforme Gabriela Silva, 27, a ação busca conscientizar as pessoas quanto à importância da participação na campanha. “Queremos passar o recado sobre a necessidade do uso da máscara e também dar o exemplo fazendo algo importante às pessoas.”
A atividade de ontem foi semelhante à de sábado, quando a equipe circulou pelos bairros Conservas e Santo Antônio orientando a população sobre medidas preventivas ao coronavírus e distribuindo máscaras.
Como aderir
Empresas, instituições e voluntários interessados em auxiliar o projeto, podem contatar a Acil, pelo 3011-6900 ou pelo email imprensa@acilajeado.org.br.
Exemplo se faz com atitude
Na live de ontem, foram apresentados sete histórias de pessoas que adotaram atitudes positivas em meio à pandemia. Confira um resumo dos exemplos:
No Hospital Bruno Born:
“Dores no corpo e
também na alma”
Em meio ao atendimento dos pacientes internados no Hospital Bruno Born, a enfermeira Patrícia Rocha atendeu uma ligação. Era um familiar de uma pessoa em tratamento na casa de saúde. Estava aflita e queria informações da instituição do quadro de saúde do seu ente querido.
A conversa tranquilizou o familiar. Depois vieram mais casos e uma solução encontrada pela equipe do HBB foi fazer videochamadas. “Sabemos que nossos pacientes sofrem dores no corpo e também na alma. As do corpo, medicamos com analgésicos. Mas as dores na alma não tem medicação, mas sim atitudes.”
Ao passo em que pacientes e familiares puderam se ver e conversar pelo celular, a equipe percebeu a forma de diminuir a saudade e acalmar os ânimos frente ao momento de dificuldade.
Taquari Valley, JCI e Rotary Integração
Uma rede de voluntários
Empreendedores resolveram criar uma plataforma para mapear fornecedores de matéria prima e pessoas com máquinas de costura para confeccionar máscaras de proteção e aventais para distribuir aos hospitais.
Assim nasceu o projeto “Unidos pelo Vale do Taquari.” A ideia de Eduardo Thomas conseguiu adesão de pessoas de várias cidades da região. Em quatro dias, o grupo conseguiu o apoio de 40 costureiras e 180 máscaras feitas.
A meta é audaciosa, chegar em 300 mil peças de proteção individual em três meses. O método parte de quatro movimentos. Conectar fabricantes, voluntários e instituições de saúde. Aumentar a disponibilidades de materiais de proteção. Reduzir custos para os hospitais e criar uma rede solidária. Até agora, o projeto entregou 15 mil peças de proteção.
Doação para o hospital de Arroio do Meio
Economia para brinquedo vira doação
Mathias Krein tem 10 anos. Fã dos brinquedos Lego, guarda tudo o que pode para aumentar a coleção. A ideia surgiu em uma noite, quando a tia Marjana Rockenbach, enfermeira na casa de saúde, conversava com o pai Valmor e com a mãe Magda. O menino ouviu sobre a campanha para instalar uma UTI no hospital.
Mathias se sensibilizou. Foi aí que pegou o cofrinho, toda a economia para comprar os brinquedos e resolveu doar para o Hospital São José. Ao todo, foram R$ 337,50. A atitude do menino repercutiu pelo RS. Inclusive foi tema de reportagem do A Hora, no dia 12 de maio.
O dinheiro foi encaminhado ao hospital pela tia Marjana. Para os pais, o sentimento foi de orgulho com a atitude do filho.
Grupo das Carpeteiras
Ás de solidariedade
O carteado uniu mulheres. Ao longo dos anos, os encontros para jogar e conversar aproximou o grupo. Mas a pandemia as afastou. Sem previsão de retorno às sessões de cartas, decidiram fazer algo pelos outros.
A primeira ideia foi de produzir máscaras de proteção. Com o desafio aceito, fizeram uma vaquina para compra de materiais e uma das integrantes que gosta de costurar produziu 200 itens. Com o dinheiro restante, compraram cestas básicas e doaram para famílias carentes.
Comunidade do Imaculado Coração de Maria
Máscaras nos galhos de uma árvore
Três religiosas da Congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria dedicam o tempo em casa para confeccionar máscaras. Moradoras de Lajeado, Dorildes Piovesan, 78 anos; Lourdes Delai, 84 e Wilnia Cecilia Lorenzoni, 81, doam os itens para comunidades carentes e também penduram algumas produções em uma árvore na frente da casa delas no bairro Hidráulica.
Escola Dom Bosco
Vida dedicada à atuação comunitária
Loiva Crestani Fauri é diretora da escola São João Bosco, no bairro Conservas em Lajeado. É conhecida por todos no bairro e nas imediações da periferia de Lajeado. Sua atuação ficou ainda mais forte durante a pandemia.
Ela reforçou o movimento comunitário e buscou apoio para angariar doações para as famílias carentes. Foram alimentos, produtos de higiene e limpeza. Também percorre as ruas próximas para entregar máscaras aos moradores.
Gilberto Gewehr
Fora dos gramados, uma nova receita
Treinador de futebol, morador de Estrela, Gilberto Gewehr, 41, teve de se afastar do trabalho. Sem a escolinha Estrelas do Futuro, vendo que a receita da família despencou, resolveu tomar uma atitude.
Decidiu fazer donuts e vender para conseguir manter a família. O pequeno negócio ganhou força. Conhecido na cidade, os pedidos superaram as expectativas. Agora o Stars Donuts estão nas redes sociais, seja no facebook, no instagram e pelo whatsApp.