O modelo de aulas remotas instituído pelo governo estadual começa nesta semana. Seja por meio da internet ou pela disponibilização de conteúdos impressos para alunos sem acesso a rede de computadores, professores e direções das escolas públicas de Ensino Básico estipulam as atividades pedagógicas para aplicar a partir da quarta-feira, dia 3.
Conforme a responsável pela 3ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE) Cássia Benini, os docentes também corrigem os trabalhos repassados do dia 19 de março até 30 de abril. Em meio a isso, iniciam formação em Educação à Distância (EaD) para usar o aplicativo “Google Room”.
“Será necessário fazer uma ambientação para os professores usarem a ferramenta. Junto com isso, também é necessário cadastrar os alunos”, relata Cássia.
A estratégia estadual para reduzir perdas no ensino dos estudantes gaúchos foi apresentada na quarta-feira da semana passada. Na ocasião, o secretário de Educação (Seduc), Faisal Karam, afirmou que em junho não haverá aulas presenciais.
De acordo com ele, em um universo com mais de 66 mil alunos, o grande desafio da rede estadual de ensino é chegar ao máximo de estudantes possíveis. Como se trata de um público heterogêneo, em que muitos não contam com acesso à rede de computadores, Karam relatou que o governo do Estado busca firmar um convênio com operadoras de telefonia para ampliar a banda de internet para famílias mais vulneráveis.
Estratégia em meio à pandemia
O Colégio Presidente Castelo Branco, de Lajeado, é a maior instituição de ensino público do Vale do Taquari. São quase 900 alunos para uma equipe de 60 professores. Na tarde de ontem, por meio de videoconferência, docentes e direção ajustaram a estratégia para manter o contato com as turmas.
Com a suspensão das aulas presenciais, a primeira ação foi organizar as turmas por meio de grupos de whatsApp e dos emails dos estudantes. Estima-se que 70% dos estudantes tenham participado das atividades antes do retorno remoto.
Pelo planejamento da escola, os trabalhos e conteúdos começam a ser entregue nessa quarta-feira. Para os estudantes sem acesso a internet, os docentes irão disponibilizar os materiais impressos, com retirada na escola.
Diferentes gerações e uma certeza
O uso das tecnologias para complementar o aprendizado é um debate que vem antes da pandemia. De fato, o coronavírus antecipou essa necessidade de adaptação aos novos tempos, acredita o diretor do Colégio Castelo Branco, Marcos Dal Cin.
“Alguns professores, mais jovens, estão mais ambientados aos novos meios. Mas mesmo assim, é uma novidade para todos. O momento nos obrigou a nos adaptar.” Na avaliação de Dal Cin, ainda que docentes de gerações mais antigas tenham um pouco mais de dificuldade, é possível atender as necessidades de aprendizado dos alunos.
Para ele, a principal dificuldade ainda é a desigualdade social. “Enquanto professor, acredito que temos condições de nos manter próximo dos alunos e de ajudá-los. O maior problema são aqueles sem computador, sem internet, ou com acesso limitado.”
Outra questão que preocupa o diretor é como manter o ensino de alunos com necessidades especiais, pois o contato presencial é um aspecto fundamental para estreitar laços sociais e ajudar na formação do indivíduo.
Aula em ambiente virtual
A proposta do governo do Estado é espelhar as aulas para mais de 37 mil turmas por meio de um ambiente virtual. O aplicativo Google Room vai proporcionar encontros entre docentes e alunos, com simulacros de pátios, sala de professores, serviços de orientação educacional e coordenação pedagógica.
A Assembleia Legislativa destinou R$ 5,4 milhões para que a Secretaria Estadual da Educação (Seduc) garanta a oferta de capacidade extra para smartphones cadastrados de até 900 mil alunos e professores. Serão R$ 450 mil mensais para custear a parceria com operadoras de telefonia.