A pandemia do coronavírus é um ambiente propício para desinformação e fake news, afirma a jornalista e doutora em Comunicação, com pesquisa sobre verificação de fatos, Taís Seibt. A especialista, que criou em 2019 a iniciativa Afonte Jornalismo de Dados, participou de entrevista no programa A Hora Bom Dia, desta quinta-feira, dia 21.
“O momento nos mostra que já estamos na Era da desinformação”, afirma Taís. Para a doutora, as redes sociais e o acesso mais fácil e rápido a internet deveria ser um processo libertador. “Mas causou o efeito contrário, infelizmente. Essa liberdade nas redes nos leva a desinformação”, explica.
As fake news se fortaleceram nas eleições de 2018. Porém, Taís analisa que o momento atual também potencializou a disseminação de notícias falsas. Conforme ela, as pessoas não compartilham informações falsas porque são falsas, elas compartilham porque se identificam com o que é dito.
De acordo com Taís, existe uma descredibilização de jornalistas e cientistas neste momento, e os profissionais dos meios precisam lutar contra isso. “Os jornalistas se baseiam em evidências, em pesquisas, em fundamentos. E, ações fortalecidas nas redes sociais ou mídias alternativas podem gerar essa desconfiança. Não é só o conteúdo falso é, principalmente, a falta de informação”, esclarece.
Embora não exista uma legislação para a propagação de notícias falsas, há meios na justiça de verificar isso, afirma a jornalista. “Todo mundo tem responsabilidade por aquilo que divulga, não só os jornalistas”, explica.
Para ela, áudios falsos são muito difíceis de monitorar. “Ainda que a pessoa se identifique, a replicação dele é incontrolável. O ideal é não repassar áudios.”
Segundo Taís, a transparência é o caminho para gerar confiança. “Se é possível acessar relatórios de dados, principalmente na pandemia, é importante verificar a fonte e divulgar ela”, afirma.