“É na dificuldade que descobrimos o melhor de nós”

Abre Aspas

“É na dificuldade que descobrimos o melhor de nós”

A semana é dedicada aos profissionais da enfermagem. Afinal, eles estão na linha de frente no combate à pandemia. Entre esses trabalhadores está Raquel Gonzatti, 29. Enfermeira do Hospital Bruno Born, é parte da equipe que atende pacientes com covid-19. Natural de Relvado, filha de Maria Lardini e de Amélio. Para ela, cuidar do próximo é um ato de amor e de comprometimento.

“É na dificuldade que descobrimos o melhor de nós”
Lajeado

• Como está sendo desempenhar sua profissão nesse momento de pandemia?

É uma experiência nova e transformadora, pois os cuidados se tornaram mais intensivos, provocando muitas vezes estresse e ansiedade. Ao mesmo tempo, sinto-me gratificada em poder ajudar no enfrentamento dessa pandemia.

• Quais as dificuldades em estar na linha de frente?

Dificuldades físicas, com o uso constante dos EPIs (Equipamentos de Proteção Individual). Esses dispositivos machucam. Principalmente o rosto pelo uso da máscara. De outro lado tem a pressão psicológica provocada pela doença. Há riscos de contaminação, pois estamos em um setor do hospital isolado e fechado só para atender pacientes que apresentam sintomas da covid-19. O isolamento social é outra dificuldade.

• Quais foram os momentos mais felizes e mais tristes que viveu na profissão?

Embora a morte faça parte do cotidiano de trabalho, a perda de uma paciente me causa tristeza. A gente cria um vínculo com essa pessoa e com a família dela.
Quanto ao momento feliz, é ver o paciente recuperado e saber que você contribuiu para isso acontecer.

• O que tratar às pessoas lhe ensina? Como você era antes de trabalhar no hospital e como vê o mundo agora?

Aprendi que é preciso gostar de cuidar e lidar com pessoas, além de ter preparo emocional para confortar pacientes em situações de fragilidade. Com esta nova realidade vejo o mundo diferente. Teremos de nos preocupar mais uns com os outros, ser mais solidário e gentis. Valorizar mais momentos especiais como estar ao lado da família, dar importância de um aperto de mão, um abraço, coisas que deixamos muitas vezes para trás.

• Como separar o sentimento pessoal com as provações da profissão?

O envolvimento emocional muitas vezes ocorre, mas precisamos reconhecer os nossos limites e desenvolver o autocontrole sobre eles. Devemos saber lidar com as nossas emoções e controlá-las no ambiente de trabalho, especialmente na área da saúde.

• O que você deseja para a sociedade e o que este episódio tem para nós ensinar?

É preciso que saibamos tirar o melhor proveito dessa pandemia, que consigamos não só olhar para dentro de nós e consertar nossos erros, mas que tenhamos humildade para assumi-los. De entender que todos têm problemas e não cabe a nós julgá-los. É na dificuldade que descobrimos o melhor de nós e que podemos construir com sucesso o que sempre desejamos. A covid-19 mudou nossas vidas e será impossível voltar ao mundo como era antes. Desejo com isso que a sociedade tenha uma visão mais coletiva e solidária e que tenhamos mais consciência da importância da empatia.

Acompanhe
nossas
redes sociais