O povo brasileiro tem demonstrado ao logo dos anos ser muito solícito, basta observarmos as doações que são realizadas em situações adversas. E não está sendo diferente neste momento da pandemia do coronavírus. Nesse sentido, compreendo que há dois tipos de doações: a doação presencial e a doação virtual.
A doação presencial é aquela que visualizamos chegar ao destino como, por exemplo, as máscaras de proteção individual, produzidas e distribuídas diretamente aos usuários (ou penduradas em cercas e galhos de árvores, de fácil acesso a população), cestas básicas em que o doador entrega aos necessitados ou a uma instituição, que providencia a distribuição, faz registro e mostra a lisura da ação, refeições preparadas por voluntários e distribuídas de forma a garantir alimentos a moradores de rua, entre tantas outras belas iniciativas que caracterizam doações presenciais.
A doação virtual, por sua vez, é crescente. A mídia tem publicizado doações em dinheiro e em produtos disponibilizados por grandes organizações, além de artistas, atletas e pessoas anônimas. São milhares de cestas básicas, milhões em dinheiro, milhões em medicamentos e equipamentos. Até 20 de abril haviam sido computados 3,1 bilhões em doações no Brasil, segundo vários meios de comunicação. Diante desses números questiono: Quem está distribuindo essas doações? Quem recebeu ou está recebendo essas doações? Quem está controlando a entrega dessas doações? Quem determina o perfil do receptor dessas doações? Será que a doação virtual gera plena entrega presencial?
Na mesma linha, o governo federal anunciou o recurso de 253 bilhões de reais para combater a evolução da Covid-19. Deste montante, apenas R$ 59,9 bilhões chegaram aos destinatários, ou seja, onde estão os R$ 193,1 bilhões restantes? Mesmo sabendo que parte desse valor será utilizada para o pagamento das parcelas relativas à Medida Provisória 936, falta ser dito onde será aplicada a outra parte? Diante da falta de confiança, muitos trabalhadores que tiveram seus contratos suspensos ou reduzidos nos percentuais de 25%, 50% ou 70% e, na mesma proporção o salário, temem não receber a parte que cabe ao governo pagar. Espera-se que não ocorra atraso como do “Coronavoucher”.
Ainda sobre recursos, no início do mês de maio o Senado aprovou o Programa Federativo de Enfrentamento ao Coronavírus, destinando 125 bilhões de reais aos Estados e Municípios. O programa vai direcionar R$ 60 bilhões em quatro parcelas mensais aos Estados. Desses, R$ 10 bilhões serão exclusivamente para ações de saúde e assistência social, sendo R$ 7 bilhões para os Estados e R$ 3 bilhões para os Municípios. Os outros R$ 50 bilhões serão para uso livre, sendo R$ 30 bilhões para os Estados e R$ 20 bilhões para os Municípios.
Dos respectivos valores, o Rio Grande do Sul será contemplado com 260 milhões para investimentos na saúde e 1.945 milhão para livre aplicação, e Lajeado receberá R$ 10.927.624,48. Vamos acompanhar de perto a aplicação deste dinheiro, principalmente o valor de livre movimentação.