De goleiro a árbitro

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De goleiro a árbitro

De personalidade forte, o goleiro Oneide Dallafávera marcou época por onde passou. Hoje aos 54 anos, segue no esporte, mas como árbitro e organizador de evento.

De goleiro a árbitro
Estado

O grande dilema na vida do jogador de futebol é o momento certo de parar. Muitos após a aposentadoria seguem no esporte, foi assim com Oneide Dallafávera. Ex-goleiro do Guarani, de Venâncio Aires, se tornou árbitro de futebol e agora se prepara para largar de vez o esporte. Em outubro pretende se dedicar a carreira política.

Natural de Catuípe, cidade pequena na região norte do Rio Grande do Sul, Oneide Dallafávera deu os primeiros passos em Ijuí. No São Luiz, atuou nas categorias de base e depois se profissionalizou em 1986. “Quando criança jogávamos peladas e sempre faltava um goleiro, com o passar do tempo comecei a pegar gosto pela coisa”, explica o motivo que escolheu jogar em baixo das traves.

No ano seguinte da profissionalização no São Luiz, mudou-se para Mato Grosso, onde defendeu as cores do Grêmio Esportivo Jaciara, sendo campeão da Segunda Divisão. A boa campanha o levou para o Ubiratan, de Dourados, onde disputou o Campeonato Sul-Matrogrossense.

O goleiro voltou para o Rio Grande do Sul no ano seguinte onde jogou no Gaúcho (Passo Fundo), Taguá (Getúlio Vargas), Guarani (Venâncio Aires), Ser Santo Ângelo (Santo Ângelo) e encerrou a carreira no FC Santa Cruz, em 1998, aos 32 anos. “Não estava mais com a motivação necessária para continuar”, desabafa.

Momento marcante

Para o goleiro, o ano de 1994 não sai de sua memória. Durante o Gauchão passou 876 minutos sem sofrer gol – 9 partidas e meia. Defendendo sete cobranças de pênaltis ao longo do torneio. “Aquela campanha com o Guarani foi sem dúvida, a mais marcante da minha carreira.”
Indagado se tem um arrependimento, Dallafávera relata que se fosse recomeçar faria tudo igual. Para ele, a principal diferença de quando iniciou a carreira para quando terminou é a experiência. “Você adquire muito com o passar dos anos.”

Decepção

Dallafávera contou que quando jogou no Mato Grosso, tinha um empresário que o queria levar para fazer testes no Flamengo, mas como os atletas eram vinculados aos clubes, eles não liberavam para fazer testes em outros times. “Foi uma frustração muito grande, mesmo que não tivesse condições de jogar, mas seria uma coisa fantástica de ter ido e treinar, pois nunca tive a oportunidade de estar em um time grande.”
Fã do Flamengo, principalmente pelos jogadores que tinham na década de 80 como Zico, Andrade, Mozart, Júnior. “Olhava muito o Flamengo e o time era espetacular. Era um desejo grande de jogar na equipe.”

Vida após aposentadoria

Depois de “pendurar as luvas” no profissional, Dallafávera seguiu no esporte. Entre 1998 a 2000 foi treinador da categoria juvenil do Guarani, de Venâncio Aires. Em 2001, ainda na equipe do Vale do Rio Pardo, foi treinador da categoria juniores. Nesse meio tempo, foi preparador de goleiros do time profissional em 1999 e 2000.
Sem estabilidade financeira, optou por largar dos trabalhos nos clubes de futebol. “O problema era que não tinha a certeza de receber. Outro fato é que o futebol só acontecia em um semestre, no outro você estava parado. Com família para criar, fica complicado seguir na profissão.”
Se no profissional, o goleiro parou de defender, no amador se destacou vestindo a camiseta do Juventude, de Vila Arlindo. Foi campeão Regional em 2002 e 2004, além de um vice-campeonato em 2003. “Tínhamos um excelente time que marcou época na Região.”
Indagado sobre o que é mais fácil, se é jogar, preparar jogadores, apitar ou organizar competições, ele fica com a parte de jogar. “Não tinha coisa mais fácil que jogar e isso me ajudou a estar com o físico em dia hoje. Mesmo com 53 anos, não tomo nenhuma medicação e me sinto muito bem.”

Ingresso na arbitragem

Como jogador, Dallafávera conta que era muito chato, pois queria ganhara sempre. “Sempre reclamava dos árbitros. Hoje, tem que aguentar atletas que eram igual a mim no passado. Sempre gostei de arbitrar e foi um meio que encontrei de continuar perto do futebol.”
A vida na arbitragem iniciou entre 1999 e 2000, mas como bandeirinha. O primeiro jogo em que trabalhou foi em Linha Tangerinas, interior de Venâncio Aires. Depois com o tempo foi para o apito. “Nem sei quantas partidas apitei, mas se formos falar em finais são mais de 200, somando campo, salão e futebol sete.”
Dallafávera comenta que esse será o último ano na arbitragem, pois quer se dedicar a carreira política. “Quero trabalhar em favor do esporte.” Outro projeto do árbitro é se tornar presidente do Guarani, de Venâncio Aires. “Depois de me aposentar tenho a certeza que vou fazer isso, quero trabalhar bem as categorias de base do clube.”

Ficha técnica

Nome: Oneide Dallafávera
Natural de: Catuípe
Morador de: Venâncio Aires
Clubes por onde atuou: São Luiz (Ijuí), Grêmio Jaciara (Mato Grosso), Ubiratan (Mato Grosso do Sul), Gaúcho (Passo Fundo), Taguá (Getúlio Vargas), Dínamo (Santa Rosa), Guarani (Venâncio Aires), Veranópolis (Veranópolis), Ser Santo Ângelo (Santo Ângelo) e FC Santa Cruz (Santa Cruz do Sul);
Títulos:
Campeão da Segunda Divisão do Campeonato de Mato Grosso, em 1987 com Grêmio Jaciara;
Campeão da Segunda Divisão do Campeonato Gaúcho, em 1991, com o Taguá;

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