Vale une forças para frigoríficos voltarem a funcionar
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Frigoríficos fechados

Vale une forças para frigoríficos voltarem a funcionar

Relatório da SES aponta crescimento nos surtos de covid em ambientes fechados. Em indústrias alimentícias, suspeitas subiram de 12 para 17 no RS. Deste total, há três unidades da região. Ficam em Poço das Antas e duas fábricas em Arroio do Meio

Vale une forças para frigoríficos voltarem a funcionar
BRF e Minuano realizam contratações em Estrela. Créditos: Arquivo

Com dois complexos fabris fecha­dos na região, outras empresas do Vale estão sendo observadas pelos órgãos de fiscalização. O motivo estaria ligado ao aumento no nú­mero de contágios por covid-19. Em todo o RS, são 17 frigoríficos com suspeitas de surto, conforme dados da Secretaria Es­tadual de Saúde (SES).

A possibilidade de mais unidades terem restrições é real. A própria Pro­curadoria-Geral do Estado frisa que a prioridade no momento é erradicar focos de contágio e que isso pode resultar em mais interdições.

Em Lajeado, a Minuano Alimentos e a BRF estão com os abates suspensos. O pro­cesso corre na Justiça e ontem mais determi­nações foram publicadas. Uma determina nova inspeção em 24h na Minuano e a outra rejeitou o pedido da BRF para o abate ur­gente de 1,6 milhão de animais.

Há um movimento de diversas frentes, seja em instituições representativas do empresariado, dos setores públicos do Executivo e do Conselho de Desenvolvi­mento (Codevat) para se encontrar uma alternativa e evitar o abate sanitário de milhares de frangos e suínos que ainda estão nas propriedades rurais.

Ontem o dia foi de reuniões por videocon­ferência entre agentes públicos do Vale com integrantes do Piratini. “O objetivo da região é tentar, junto com o MPT (Ministério Público do Trabalho) o fim da judicialização. É o único encaminhamento que podemos para retomar de forma gradativa o trabalho dos frigorífi­cos”, conta o presidente da Associação dos Municípios do Vale do Taquari (Amvat) e pre­feito de Nova Bréscia, Marcos Martini.

Dados levados ao Estado dão conta de que, se a situação não for resolvida e o fechamento das unidades de Lajeado fo­rem mantidas, Mais de 5 milhões de ani­mais, entre suínos e aves, não poderiam ser abatidos.

O Vale do Taquari representa cerca de 20% da produção de aves do RS, segundo cálculos da Associação Gaúcha de Avi­cultura. A Minuano e a BRF estão entre as maiores empresas da região. Em La­jeado, o retorno em termos de ICMS ao cofre municipal supera os R$ 12 milhões. Juntas empregam 4 mil pessoas.

Diálogo entre empresas e MP

Conforme o promotor de Justiça Sérgio Diefenbach, o MP e as empresas seguem o diálogo com o propósito de estipular medi­das e ações para mitigar os riscos à saúde dos trabalhadores bem como ao impacto econô­mico e social das interrupções dos trabalhos.

Na tarde e noite de ontem, o promotor par­ticipou de conferências com representan­tes da BRF e da Minuano. A expectativa é elaborar um documento e anexar de forma conjunta ao processo, citando haver um acordo prévio entre as partes e conseguir a liberação gradual das plantas.

“Estado é um mediador”

O governador Eduardo Leite falou sobre o im­passe envolvendo a suspensão das duas fábricas de Lajeado em transmissão ao vivo na tarde de ontem. De acordo com ele, o Executivo acompa­nha a situação e se prontifica a auxiliar como um mediador entre empresas e Ministério Público para que seja encontrada uma alternativa.

“Uma vez que o processo está na Justiça, dei­xamos de ter poder administrativo”, disse.

De acordo com o governador, o esforço na busca de conciliação tem sido diário, com encontros en­tre as partes envolvidas, com o governo federal e MP. “O importante agora é a disponibilidade das empresas em fazer as adaptações necessá­rias, trazer informações claras sobre níveis de contágios e de outro lado a compreensão do MP e do Judiciário em achar uma solução.”

Exigências contraditórias, avalia Codevat

O fechamento das duas plantas de La­jeado e o risco de mais unidades terem as atividades suspensas na região é inadmissível. Essa é a opinião da presidente do Codevat, Cíntia Agostini. “Estamos falan­do de uma cadeia muito complexa. Passa pelos trabalhadores das fábricas, pelas milhares de famílias do campo e de mi­lhões e milhões de animais. Simplesmen­te parar as plantas traz problemas sociais, econômicos e ambientais.”

As exigências que chegam às empresas trazem contradições, afirma Cíntia. “O MP pede uma coisa, daí vem o Estado e pede outra e o governo federal faz outros apontamentos. As empresas já não sabem quem deve atender.”

Caso o impasse permaneça, a presidente do conselho de desenvolvimento da região teme pelo destino das criações. “O fato é que temos milhões de animais alojados e nem podemos fazer o abate sanitário. Se continuar terão de fazer sacrifícios. Isso é inconcebível. Precisamos encontrar um meio termo”, reafirma Cíntia.

Jornada reduzida e mais turnos

A Federação dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação realça a preocupação da entidade com as infec­ções. Conforme o presidente, Paulo Ma­deira, a situação é delicada. A entidade afirma que busca auxiliar com formas de evitar contágios entre trabalhadores e ao mesmo tempo garantir a continui­dade das produções.

De acordo com ele, além de intensificar as medidas de prevenção, com o uso de máscaras, álcool gel, higienização cons­tante das fábricas e monitoramento dos trabalhadores, também é preciso adaptar o expediente. “Insistimos na redução da jornada de trabalho e aumento dos tur­nos. Ou seja, trocar dois turnos 8 horas para três de 6 horas com o mesmo núme­ro de trabalhadores. Reduzir a rotação do maquinário, caso contrário vai crescer o número de trabalhadores contaminados e frigoríficos fechados”, alerta Madeira.

Minuano contesta Justiça

Em nota divulgada na tarde de ontem, a Minua­no de Alimentos, afirma que a decisão judicial de suspender a fábrica foi tomada em um momento onde não há mais registros de contaminações.

“Ressaltamos que desde o início da pande­mia, em meados do mês de março, a empresa elaborou um rigoroso plano de ação, com me­didas visando a mitigação da disseminação do vírus entre seus colaboradores e terceiros, foi transparente para com os órgãos públicos, seu quadro de colaboradores, e com a imprensa”, diz um trecho da nota.

Para a empresa, o judiciário considerou a ocu­pação dos leitos em Lajeado de pacientes oriun­dos dos frigoríficos semobservar os números da Minuano.“(…) a última internação de um cola­borador da Companhia Minuano de Alimentos ocorreu no dia 25 de abril, passando-se dezoito dias sem que houvessem novas internações. E que no período de 30 dias, apenas 3 internações foram registradas”.

Frente ao recurso da empresa, de uma nova inspeção na unidade em 12 horas, a Justiça acatou em parte a sugestão. Estabeleceu que os órgãos de fiscalização devem visitar o complexo em até 24h para depois emitir um novo relatório.

Negado abate emergencial

A BRF encaminhou um pedido de recon­sideração ao Judiciário nessa quarta-feira. Em concordância com o Ministério Público, apresentou à corte a alternativa de uma au­torização prévia para o abate de cerca de 1,1 milhão de aves e 500 suínos, usando mão de obra restrita a 100 trabalhadores.

Conforme a empresa, não há como trans­ferir o processo para outras unidades, pois já estão no limite da capacidade. Pelo des­pacho, o pedido foi negado. Na tarde de ontem, a companhia ingressou novamente com a solicitação. Até o fechamento desta edição não havia nova resposta da Justiça.


SURTOS NO RS

Pela tabulação do Estado, há 30 focos de covid-19 em locais com movimento restrito, como fábricas e lares de idosos. O total desta semana registra um aumento de 11 estabelecimentos em comparação com sete dias atrás.

A definição de surto parte quando há casos de pessoas com síndrome gripal no intervalo de sete dias entre o início dos sintomas e as confirmações em ambientes fechados.

Indústrias

São 17 unidades com casos notificados. Cinco entraram na contagem. Ficam em Poço das Antas, Três Passos e Arroio do Meio (duas empresas);

Conforme a SES, são 409 trabalhadores contaminados nas fábricas, com dois óbitos (em Garibaldi e Lajeado);

Lares geriátricos

São 7 locais com surto;

Entre residentes, estão 117 idosos infectados, com sete mortes. Três em Lajeado, segundo o Estado;

NÚMEROS NO ESTADO

Dados atualizados ontem às 18 horas mostram que o RS tem:

2997 casos confirmados.

São 120 mortes

O vírus está presente em

208 municípios gaúchos

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