Vale questiona critérios e Estado mantém restrições
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Vale questiona critérios e Estado mantém restrições

Governos municipais afirmam que há discrepâncias entre os índices de contágios tabulados pela região com os dados contabilizados pelo Estado. Apesar da pressão local pela redução da bandeira vermelha, governador Eduardo Leite reitera que próxima avaliação do grau de risco só ocorre no sábado

Vale questiona critérios e Estado mantém restrições
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Movimentos empresariais, aliados com questionamentos dos setores públicos do Vale, tentam fazer o governo do Estado mudar de avaliação sobre o grau de risco da pandemia do novo coronavírus na região.

A posição começou com a Câmara da Indústria e Comércio (CIC-VT). Para a organização, os critérios estaduais são injustos, pois aplicam restrições em todo o Vale sem considerar o fato de muitos municípios não terem registro de contágios.

Em seguida, o descontentamento também encontrou reforço na posição das autoridades políticas. Primeiro com o prefeito de Estrela, Rafael Mallmann. De acordo com ele, o setor jurídico do município prepara uma ação na Justiça para revisão da bandeira vermelha imposta à região.

Na avaliação de Mallmann, os dados usados pelo Piratini para definir o grau de risco descarta informações dos municípios e hospitais. O prefeito afirma que os dois leitos de UTI disponíveis no Hospital Estrela não estão na contagem estadual sobre a infraestrutura de atendimento.

Também realça que há dois internados na casa de saúde do município vindos de outras regiões gaúchas e que foram tabulados como sendo pacientes do Vale do Taquari. “Se pegar com os outros dois leitos, temos quatro leitos que não foram computados para o Vale. Isso já mudaria nossa bandeira para laranja”, disse em entrevista concedida na manhã de ontem à Rádio A Hora 102.9.

A ação do governo de Estrela parte do pressuposto de que é necessário recontar os dados e mudar a bandeira de risco ainda nessa semana. Para Mallmann, o Estado também falha por não dialogar com os prefeitos do Vale e não repassar verbas para melhorias na infraestrutura de saúde.

Em transmissão ao vivo na tarde de ontem, o governador Eduardo Leite disse que a próxima avaliação sobre os riscos de contágio por região será avaliada entre quinta e sexta-feira. A definição sobre a continuidade ou não do Vale na bandeira vermelha será apresentada no sábado.

Clamor regional

O governo de Lajeado encaminhou ontem uma carta às secretárias estaduais de Saúde, Arita Bermann, e de Planejamento, Leany Lemos. No documento, o Executivo destaca que o grau de risco elevado considera uma casa decimal e que portanto, qualquer distorção na base do cálculo poderia alterar a classificação do Vale.

Para o Executivo de Lajeado, a quantidade de testes aplicados nos pacientes da cidade é um fator preponderante para a classificação vermelha. Para a administração, é preciso criar um indicador partindo dos exames feitos para cada 100 mil habitantes.

Prefeitos do Vale participam hoje de uma teleconferência com a secretária de Saúde, Arita Bergmann. No encontro, vão detalhar as diferenças nos números do Estado e do Vale e ressaltar a importância dos gestores municipais terem mais protagonismo para definir medidas de prevenção nas cidades.

De acordo com presidente da Amvat e prefeito de Nova Bréscia, Marcos Martini, a reunião também vai abordar o fechamento dos frigoríficos em Lajeado. A conferência está agendada às 15h.

Conforme o consultor em Direito Público da Associação dos Municípios do Vale do Taquari (Amvat), o advogado Gladimir Chiele, as medidas do governo estadual restringem as ações dos municípios. “É uma crise que vai destruir a economia e ninguém conhece mais o âmbito local do que o próprio prefeito.”

Método não será revisto

Em transmissão ao vivo na tarde de ontem, o governador Eduardo Leite afirmou que o modelo de distanciamento controlado, com estabelecimento de bandeiras por regiões gaúchas será mantido sem alteração. As decisões são baseadas em conhecimento técnico e científico, afirmou o governador. “Montamos um comitê com cientistas de todo o estado. Eles nos ajudam a formar o enfrentamento mais eficaz ao coronavírus.”

De acordo com o chefe do Piratini, o modelo imposto é complexo e considera uma série de variáveis. “Parece ser o mais adequado. Com ajuda do comitê de crise, conseguimos um plano emergencial para cada região e até município. Assim conseguimos um diagnóstico melhor apurado, rastreando casos e agindo sobre eles.”

Na avaliação dele, a condição atual do RS é de estabilidade nos casos e nas internações hospitalares. Esse resultado, diz Leite, reforça que a sociedade gaúcha entendeu a necessidade de se prevenir e acolher as orientações dos setores técnicos do poder público. A próxima análise das bandeiras das regiões ocorre entre quinta e sexta-feira. A definição sobre como fica o Vale do Taquari só será conhecida no sábado.

 

Pesquisa estima que RS tenha 24,8 mil infectados

A Universidade Federal de Pelotas (UFPel) apresentou ontem durante a transmissão do governador a terceira etapa da pesquisa de prevalência da covid no RS. Pela apuração feita no fim de semana e que retrata a realidade de 15 dias atrás, para cada confirmação de infectado, há cerca de dez pessoas com o vírus e que não estão nos registros públicos.

O reitor da instituição de ensino, Pedro Hallal, contabiliza que são pelo menos 24,8 mil pessoas que já teriam sido contaminadas. Na fase anterior, há duas semanas, o levantamento apontava para 15 mil infectados. Na primeira, eram 5,6 mil.

 

Dos 4,5 mil testes rápidos aplicados, dez testaram positivo. Destas, quatro foram em Passo Fundo, município que vem apresentando números de casos e mortes elevados nas estatísticas oficiais. Esta fase do estudo também detectou anticorpos em 0,22% das pessoas testadas.

Os novos dados estimam que haja um infectado a cada 454 gaúchos. Na etapa passada, era um caso positivo a cada 769 pessoas. “Os casos notificados representam apenas uma parcela do total, confirmando a nossa teoria do iceberg de que existe uma parte visível, representada pelas estatísticas oficiais, e uma parte submersa, que precisa ser conhecida para que sejam tomadas as melhores decisões para o seu enfrentamento”, lembrou o reitor da UFPel.

A pesquisa feita no RS se tornou referência mundial e será ampliada para o país. Conforme Hallal, a metodologia será replicada em 127 cidades em todos os estados da nação.

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