Apicultores celebram alta na safra de mel

Bom momento

Apicultores celebram alta na safra de mel

Floradas intercaladas garantiram alimento para abelhas. Média por colmeia chega a 28,9 quilos

Apicultores celebram alta na safra de mel
Na propriedade de Zilda, a média produzida por colmeia chega a 35 quilos neste ciclo
Vale do Taquari

“Infelizmente, por causa da estiagem, um ano ruim para a agricultura será um ano bom para a apicultura”. A afirmação do apicultor Celso Borba, de Paverama, resume o bom momento vivido pelo setor.

A falta de chuvas, tão prejudicial para grande parte dos cultivos, favoreceu a safra de mel, um aumento de até 50% no volume colhido nas colmeias. “No ano passado colhi em torno de 40 quilos e agora neste ciclo pode se aproximar de 60”, antecipa.

A explicação para este cenário favorável, de acordo com o apicultor, tem a ver com o fato de, em épocas de estiagem, a floração ocorrer em períodos mais espaçados e não toda de uma vez só, como acontece em situação de normalidade climatológica.

A explicação de Borba é avalizada pelo zootecnista da Emater Regional de Lajeado, João Sampaio, que afirma que a falta de precipitações nos Vales do Caí e Taquari tem contribuído para que as abelhas fiquem mais livres para a visitação às floradas, com as plantas mantendo suas estruturas mais preservadas. “Isso oportuniza uma maior troca de pólen e a consequente reprodução vegetal”, enfatiza.

Conforme Sampaio o pólen, além de ser um gameta reprodutivo, é para as abelhas a grande fonte de proteína que estimula sua reprodução, o que também favorece o aumento do número nos enxames. “Já o néctar é uma substância atrativa, pois possui grande concentração de açúcares, e é a fonte de energia para a produção do mel”, salienta.

Entende que a estiagem se apresenta como uma situação favorável para a economia de energia das abelhas e para a reservação do alimento para os períodos mais frios. “E isso já começa a ser observado”, garante.

Salto na oferta

A apicultora Zilda da Costa, da agroindústria Favo de Mel, de Marques de Souza, confirma a tese de uma supersafra de mel. “Inicialmente estávamos um pouco pessimistas, mas, no começo deste ano, com os dias quentes e a ausência de chuvas, as caixas enchiam a cada 15 dias”, comenta.

Dessa forma, a perspectiva é de que haja um salto de produção, que deverá chegar à média de 35 quilos de mel por caixa, contra os 25 do ano passado. Sobre o perfil de consumo, em época de Covid-19, tanto Zilda quanto Borba garantem ter havido um aumento na procura “doméstica”. “Trata-se de um alimento saudável”, reforça Zilda.

Preço

Sobre o valor pago para o agricultor, que preocupa quando a oferta é muito grande, ambos acreditam em perdas, especialmente no mercado externo, já que a pandemia acaba por represar a produção. “Na entrega direta ao consumidor, o preço tem girado em torno de R$ 15 pelo quilo”, declara Zilda.

Já Borba avalia que a abertura vagarosa ao mercado externo pode representar recuperação dos valores pagos ao apicultor, diferente do que ocorre na venda direta. “A safra será satisfatória”, completa Borba.

Para saber

Nos 55 municípios da região dos Vales atendidos pela Emater Regional de Lajeado em parceria com a Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr), existem 945 apicultores e 18.941 colmeias.

Durante o ano de 2020, o serviço de Extensão Rural deverá acompanhar 270 produtores e 10.027 colmeias. A produção total passará de 290 toneladas de mel, com uma média de 28,9 quilos por colmeia. “Atualmente, já foram colhidas 72 toneladas do produto, com 93 agricultores envolvidos”, finaliza Sampaio.

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