• Para você, o que significa o tradicionalismo?
É manter a história dos nossos antepassados viva. Representa o nosso jeito de ver as coisas, de interagir com o mundo. Na minha opinião, temos uma das culturas mais lindas que existe. Está no nosso jeito de falar, de se expressar e de ser. Isso me ensina a como ver o mundo. Procuro sempre a simplicidade, a humildade e o respeito. Isso vem da educação que tive e também do jeito gaúcho.
No meio dessa diversidade que vivemos, dessa pandemia, espero que mais pessoas se aproximem da natureza, dos animais, para ver que devemos respeitar o meio ambiente e todas as formas de vida.
• Como nasceu a paixão pelo cavalo e pela lida de campo?
Eu me criei em Canudos do Vale. Perto da natureza, em um ambiente livre e tranquilo. Vim para Lajeado faz uns 11 anos. Perdi um pouco desse contato, até pelo trabalho. Eu não tinha muita proximidade das atividades dos CTGs ou piquetes. Fiz algumas amizades e por influência deles, eu e minha esposa fizemos alguns cursos de dança artística e começamos a participar. Em seguida, nesse grupo fui convidado para cavalgadas e ali nasceu essa paixão que tenho pelo cavalo. Comecei a treinar tiro de laço e hoje participo de competições e rodeios. Agora voltei a ter mais contato com a natureza. Estamos morando em uma chácara em conventos, na nossa casa. Para mim, o maior conforto é estar em contato com a natureza e com os animais.
• Por muitos anos, o ambiente do tradicionalismo foi dominado pelos homens. Aos poucos, as mulheres começaram a participar mais e hoje, inclusive, a presidente do MTG é uma mulher. Como você avalia isso?
O machismo no tradicionalismo sempre existiu e ainda persiste. Só que anos atrás era muito mais presente. Vejo que está diminuindo. Para mim, é uma besteira tentar diminuir as mulheres. Temos de respeitar, considerar o esforço delas e também defender os direitos iguais. Elas trabalham muito, tanto ou mais do que os homens. As mulheres devem ser ouvidas e valorizadas. Hoje em dia, vejo nos rodeios cada vez mais a presença delas. Mulheres e meninas competindo de igual para igual no tiro de laço. Elas estão conquistando cada vez mais espaço e isso é muito bom.
• Qual o desafio de ser laçador?
O principal é treinar muito e fazer bonito no rodeio. Entrar para competir e depois de atirar as armadas, sair abraçado com o adversário sabendo que fez uma nova amizade. Estar na boca do brete e ouvir o narrador te chamar é uma das grandes emoções para o laçador.
Estar no lombo do cavalo me traz uma sensação de liberdade, de tranquilidade. Aprendo muito com a minha égua, a preta. Ela é muito inteligente, uma amiga de verdade. Se trata de um animal leal. Há poucas palavras que podem explicar o que sinto por estar perto dela. É fora do comum. Tenho muito respeito pelos animais. A minha égua me conhece, quando chego perto e chamo, eu vejo isso. É uma parceria do tamanho do mundo.